Acostumado a frases polêmicas e ataques a tribunais, o ex-presidente Jair Bolsonaro adotou uma postura diferente nas semanas que precederam o julgamento que pode torná-lo inelegível. Orientado por advogados e assessores, ele chegou a pedir desculpas por desinformação sobre a vacina contra a Covid-19, manteve um tom respeitoso em relação ao relator do caso, Benedito Gonçalves, e evitou criticar a indicação de Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF) — seu partido, o PL, liberou a bancada, com anuência do ex-titular do Palácio do Planalto. Ao visitar o Senado ontem, porém, Bolsonaro fugiu do roteiro alinhado e adotou o que integrantes do PL classificaram como “estratégia kamikaze”, como mostrou a colunista Bela Megale
A expectativa de aliados é que ele retorne ao script hoje. O ex-presidente sequer assistirá ao julgamento em Brasília e estará em Porto Alegre, onde tem uma série de compromissos. O comportamento também foi seguido pelos parlamentares bolsonaristas, que até ontem não haviam iniciado qualquer movimento orquestrado em sua defesa.
Ontem, ao deixar o Congresso, Bolsonaro criticou uma possível diferença no tratamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em relação ao julgamento da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2017. Na época, a Corte se ateve ao objeto inicial e desconsiderou elementos que surgiram depois, como a delação premiada de executivos da Odebrecht. Hoje, na prática, o ex-presidente defende que seja desconsiderada a “minuta do golpe”, encontrada na casa do ex-ministro Anderson Torres.
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