Porto Alegre, domingo, 06 de outubro de 2024
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Artigo: Escola e disciplina/Correio Braziliense

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Alguns programas e projetos, pela importância que têm para o futuro da sociedade, pelo volume de recursos que disponibiliza, pelo tempo necessário que requer para apresentar resultado e pelo apoio que recebe da população, a que sempre melhor pode avaliá-los, não deveriam sofrer processos abruptos de descontinuidade. Rondônia possui 13 escolas militarizadas e duas vinculadas ao Corpo de Bombeiro Militar - (crédito: Prefeitura Rondônia)

Alguns programas e projetos, pela importância que têm para o futuro da sociedade, pelo volume de recursos que disponibiliza, pelo tempo necessário que requer para apresentar resultado e pelo apoio que recebe da população, a que sempre melhor pode avaliá-los, não deveriam sofrer processos abruptos de descontinuidade. É o caso do Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) que, por decisão do atual presidente da República, será encerrado até o fim deste ano letivo. Se o mandatário tivesse mandado fazer uma consulta, mesmo informal, junto aos pais de alunos, que acompanham de perto esse modelo, ou mesmo ouvido os governadores, prefeitos, por certo, seria forçado, pelas evidências, a repensar sua decisão ou mesmo adiá-la sine die.

Talvez, mais simples ainda, teria sido observar o que foi analisado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) do Ministério da Educação. De acordo com os técnicos, que conhecem e pesquisam os assuntos relativos à educação em nosso país, a realidade trazida pelo modelo das escolas cívico-militares recomenda, por seus indicadores na melhoria do sistema ensino-aprendizado, não só a sua manutenção, como uma possível expansão do programa.

Somando-se os dois modelos que existem hoje do Pecim, o programa atinge um total de aproximadamente 202 mil alunos em diversas cidades e municípios espalhados pelo país, inclusive no Distrito Federal. Portanto, está presente em todas as unidades da Federaç

Criado em 2019 pelo ex-presidente Bolsonaro, o programa começou a funcionar no ano seguinte e causou muita polêmica, principalmente entre o pessoal da esquerda, sofrendo ataques de todos os lados, inclusive por parte da imprensa. Alguns especialistas em educação chegaram a fazer uma forte campanha contra esse modelo, taxando-o de retrógrado e sem conteúdo didático válido. O que essa gente não contava é que o programa, depois de efetivamente testado na prática, mostrou-se de grande eficácia e valia tanto no problema endêmico da violência física nas escolas, envolvendo alunos com alunos e alunos contra professores, com uma redução desses casos em mais de 82%. A mesma redução se verificou com relação a violência física, que foi também de 82%.

O problema de décadas que era a evasão escolar, com alunos abandonando as escolas foi reduzido também em mais de 80%, segundo as pesquisas. Com dados positivos dessa natureza, não surpreende que 85% das comunidades diretamente beneficiadas consideraram que o programa era satisfatório, pois havia melhorado muito o ambiente escolar, com mudanças visíveis no comportamento de crianças e adolescentes. Também no rendimento escolar, a aceitação foi total, com o aumento significativo nas notas.

A decisão de encerrar o programa, segundo alguns parlamentares, governadores e prefeitos, obedeceu a ditames puramente ideológicos e defendidos pelo atual ocupante do Palácio do Planalto, o que repercutiu muito mal entre a classe política. Após o anúncio, diversos políticos em todo o país subiram à tribuna para protestar contra a medida. Curiosamente, não se ouviu uma voz sequer da situação defendendo a medida. Tão logo foi anunciada a decisão de encerrar o programa, diversos governadores e prefeitos deixaram claro que darão continuidade, por conta própria ao Pecim em suas regiões. Não por ideologia, mas pelos resultados.