Porto Alegre, quinta, 10 de outubro de 2024
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Expointer: A presença dos povos indígenas no Pavilhão da Agroindústria Familiar

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Quatro estandes representam as etnias Mbyá-Guarani, Kaingang e Xokleng. Artesanato é uma das mais importantes fontes de renda de famílias indígenas - Foto: Cristiano Júnior/SDR

 

 

A diversidade do Pavilhão da Agroindústria Familiar não se faz presente apenas na variedade de produtos e nas diferentes regiões do Estado, que são representadas nos 372 empreendimentos que ali estão. Ambiente mais plural da Feira, o local também é uma simbiose de cultura, crenças e modos de vida. Nesse sentido, uma das presenças mais marcantes do local são os estandes de artesanato indígena.

Presentes desde a década de 1970 na feira, eles expõem e comercializam cestos, pulseiras, esculturas em madeira, colares, arcos e flechas, filtros dos sonhos, entre outros produtos de confecção própria. Em 2023, são quatro os estandes de artesanato indígena, pertencentes às etnias Mbyá-Guarani, Kaingang e Xokleng.

Um dos expositores no 25º Pavilhão da Agricultura Familiar é o agente de saúde da Aldeia Indígena Kaingang Komag, Vicente Mendes Castoldi. A aldeia fica no bairro Boa Vista do Sul, extremo sul de Porto Alegre, onde vivem seis famílias. “O ofício de artesão é um trabalho que vem de pai para filho, é uma herança cultural”, afirma Vicente.

Também presente no Pavilhão está o artesão Sérgio Gimenes, da etnia Mbyá Guarani e integrante da Aldeia Sol Nascente, de Osório. Ele afirma que o trabalho é intenso, já que são muitas peças produzidas. “Já acordamos pensando em como vamos fazer uma nova peça para poder ofertar um produto diferente e que mantenha a qualidade. Se é cestaria ou peneira, se é o cocar ou colar, para ter uma sustentabilidade também. O artesanato é a nossa vaquinha leiteira, sem ele, a gente não consegue viver”, conclui.

Segundo Sérgio, a intenção das comunidades indígenas é estar cada vez mais presente nos eventos da Agricultura Familiar. “Nós queremos estar cada vez mais frequentes nas feiras, mas isso também parte de uma organização nossa. O Secretário esteve aqui e conversou conosco, temos que apresentar sugestões e construir mais espaços juntos”, finalizou.

Conforme dados do último Censo, o Rio Grande do Sul possui 36.096 indígenas. O planejamento e a execução de ações voltadas aos povos indígenas do Rio Grande do Sul, como política pública de Estado visando ao desenvolvimento rural sustentável, ocorrem há cerca de três décadas, por meio de equipe técnica destinada especificamente para atender esses públicos. Inicialmente atendida no âmbito das pastas voltadas às ciências agrárias, os povos indígenas passaram a receber maior atenção a partir da criação da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), em 2011.

A Divisão de Quilombolas e Indígenas do Departamento de Desenvolvimento Agrário, Pesqueiro, Aquícola, Indígenas e Quilombolas (DQI/DDAPA) da SDR, que foi recriada no início do ano, é a responsável pela condução de políticas públicas voltadas aos indígenas. Formada por uma equipe multidisciplinar, com servidores públicos das áreas das Ciências Agrárias e Ambientais, Ciências Sociais, Medicina Veterinária e Administrativo, a equipe conta com conselheiros governamentais oficialmente designados que participam ativamente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas (CEPI). Trata-se de uma organização pública, instituída pela Lei nº 12.004/2003, de caráter deliberativo, normativo, consultivo e fiscalizador das ações e políticas públicas relacionadas aos povos indígenas do Estado do Rio Grande do Sul.