A pesquisa Indicadores Industriais do RS, divulgada nesta terça-feira (5) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), revela que o segundo semestre de 2023 começa com perdas fortes e generalizadas na atividade do setor. O Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) caiu 3,8%, em julho, ante o mês anterior, com ajuste sazonal. Foi a segunda queda consecutiva, após os 2,2% de junho. “O quadro negativo segue intenso, desencadeado no ano passado com a incerteza gerada pela mudança de governo, somada à época ao cenário de inflação e juros em alta, que abalou a confiança empresarial, desacelerando a demanda interna, sobretudo os investimentos”, diz o presidente da FIERGS, Gilberto Porcello Petry.
Para os próximos meses, afirma o presidente da FIERGS, as avaliações menos negativas dos empresários gaúchos para a economia brasileira, colhidas em outra pesquisa, a Sondagem Industrial, são amenizadas por juros, inflação e incerteza menores, e sinalizam alguma melhora relativa na atividade do setor. Porém, o espaço para acelerar é pequeno, o que não deve recompor as perdas acumuladas até agora.
Nos últimos 11 meses, foram oito quedas, cujo recuo alcança 12,9% no período. Com isso, o índice atingiu o menor patamar desde outubro de 2020 e ficou apenas 1,2% (eram 16,1% há um ano) acima do nível anterior ao da pandemia. O IDI-RS mede o nível de atividade da indústria gaúcha por meio da combinação das seis variáveis pesquisadas pelos Indicadores Industriais do RS. As quedas expressivas, com ajuste sazonal, das compras industriais (-8,5%) e do faturamento real (-4,6%) exerceram as maiores influências em julho. As horas trabalhadas na produção e a utilização da capacidade instalada (UCI) recuaram 2,3% e um ponto percentual – para 76,7%, patamar mais baixo desde agosto de 2020 –, respectivamente. No mercado de trabalho, o emprego caiu 0,3% e a massa salarial real, 0,5%.
ANUAL – Na comparação anual, a atividade industrial medida pelo IDI-RS ficou 9,3% menor em relação a julho do ano passado. Foi a sétima retração consecutiva e a mais intensa desde junho de 2020, acentuando o saldo negativo no acumulado do ano de -2,7%, em junho, para -3,7%, em julho, quando comparados aos mesmos períodos de 2022. Nos sete primeiros meses de 2023, em relação ao mesmo período de 2022, as compras industriais continuam sendo o destaque negativo entre os componentes do IDI-RS, com recuo de 11,4%. Retrações também ocorrem no faturamento real (-4,5%), na UCI (-3,2 pontos percentuais) e nas horas trabalhadas na produção (-1,4%). Emprego, com 0,4%, e massa salarial real, 5,9%, ainda sustentam taxas positivas, mas fica bem clara a desaceleração.
Dos 16 setores industriais pesquisados, nove mostram recuo da atividade na comparação acumulada anual com 2022. O desempenho da indústria gaúcha, mais uma vez, reflete o comportamento do segmento metalmecânico, que é bastante negativo em 2023: Máquinas e equipamentos (-4,2%), Veículos automotores (-4,8%), Produtos de metal (-8,1%) e Metalurgia (-16,8%). O setor de Químicos, refino de petróleo e biocombustíveis (-3,2%) também deu contribuição negativa relevante.
Em contrapartida, os avanços mais importantes vieram de Alimentos, com 1,8%; Equipamentos de informática eletrônicos, 11,1%; Tabaco, 5,5%, e Móveis, 3,4%. Clique aqui para conferir os resultados completos da pesquisa.