Porto Alegre, quinta, 10 de outubro de 2024
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Paulo Cesar Tinga: Craque no futebol e na vida lança 'Chamando atenção da sorte'; por Felipe Vieira

Detalhes Notícia
Biografia narra a trajetória de sucesso do ex-jogador que se tornou homem de negócios e palestrante, reconhecido pelo trabalho solidário à frente de projetos sociais.

 

 

 

 

Tinga finalmente colocou no papel o que pensa, diz e principalmente faz. “Chamando atenção da sorte” é mais do que uma narrativa cronológica sobre a vida do craque de futebol. O livro esboça um ponto de vista revelador sobre o enfrentamento dos medos que surgem frente aos desafios. Em sua biografia, o homem nascido Paulo Cesar Fonseca do Nascimento, mundialmente conhecido pelo apelido que o consagrou, orienta para o despertar da autoestima e apresenta dicas sobre como levar ideias à prática, percorrendo novos rumos. O ex-atleta resume em três frases esse sentimento que norteia o livro. “Se a sorte realmente existe, deve ser muito inteligente. O senso comum diz que quem deu certo na vida teve sorte. Mas ela escolhe quem trabalha, acorda cedo, se reinventa, pensa diferente e tem coragem”.

Tinga sabe do que fala nas páginas do seu livro. Ele venceu a fome e superou barreiras, precisou encarar todas as adversidades da vida de um menino negro e pobre da periferia. Ao contrário de vários amigos, presos ou enterrados, escolheu o caminho do futebol. Muito antes de tornar-se ídolo de ambas as torcidas da dupla Grenal, nas primeiras tentativas como jogador, sonhando em treinar nos grandes clubes, foi dispensado de três peneiras seletivas que participou no Internacional, seu clube do coração. Não desistiu, jamais deixou de acreditar em seu potencial, apesar dos obstáculos, limitações e negativas iniciais. Acabou aceito no Grêmio, e lá começou a construir uma carreira vitoriosa.

Lançamento da biografia do ex-jogador e hoje empreendedor terá live de pré-venda no dia 7 de setembro

“A tomada de decisão é uma das coisas mais importantes das nossas vidas”, afirma o ex-jogador, ao lembrar do dia em que foi prestar o quarto teste num clube de futebol. Era a vez no Grêmio. Quando estava esperando o ônibus perto de casa, próximo a uma boca de fumo, dois amigos que trabalhavam para os traficantes vieram lhe perguntar, para onde estava indo. Respondeu que iria fazer um teste no Grêmio. “No Grêmio? Tu é colorado, não vai passar. Mais fácil é ficar de olheiro na boca e ganhar 50 pila”. Paulo Cesar admite que, no momento de embarcar no transporte coletivo, chegou a vacilar em dúvida, mas seguiu a intuição e embarcou no ônibus para ser aprovado no tricolor do bairro Azenha. Três anos depois, aos dezoito, estreava como profissional no Grêmio.

Sou fã  Tinga, desde que jogava no “tradicional adversário”. Vi a estreia dele contra o Sport, o golaço que marcou e, no dia seguinte, o entusiasmo do gremistão Paulo Sant’anna com o surgimento do garoto promissor. Acompanhei, emocionado, a reportagem de Régis Rosing que mostrava o Tinga conhecendo o trabalho de sua mãe, Dona Nadir, faxineira, a quem ele prometeu o que veio a cumprir: uma vida melhor para ela e a família. Cruzei com o garoto inquieto e ele mostrava sua curiosidade por tudo. Impressionou, desde o primeiro contato. Nos aproximamos quando houve as suas passagens pelo Internacional e, desde então, minha admiração se transformou em amizade.

Multicampeão pelo tricolor, foi para o Kawasaki Frontale, do Japão, passou pelo Botafogo, voltou ao Olímpico e depois mudou-se para Portugal, onde defendeu o Sporting. Ao retornar a Porto Alegre, finalmente, realizou o sonho de jogar pelo Inter, o seu clube do coração. Com o Colorado ele venceu a primeira Libertadores do clube, depois foi vendido para o Borussia Dortmund, onde atuou quatro temporadas. Retornou ao Inter, conquistou o bi Continental e encerrou a carreira pelo Cruzeiro, de Belo Horizonte, onde pendurou mais faixas de Campeão, as chuteiras e passou para o outro lado do balcão, como gestor. “O fim de uma carreira não é fácil, ainda mais quando não é esperado”, comentou o ex-atleta sobre a lesão que encerrou a sua trajetória nos gramados, numa das inúmeras entrevistas concedidas a mim.

Ídolo por onde passou, pude constatar isso dentro de um trem, entre Frankfurt e Hannover, na Alemanha, quando encontrei torcedores do Borussia e lhes disse que conhecia o Tinga. Me fizeram ligar para ele, ainda bem que a chamada de vídeo foi atendida. Houve uma festa, o jogador conversou animadamente em alemão com os fãs saudosos do craque que, muitas vezes, sai de Porto Alegre para jogar pelo ‘Legends’, o time de ex-atletas em jogos que lotam o Estádio, em Dortmund. Único atleta da história mais que centenária da dupla GreNal, que esteve por duas vezes em ambos os clubes. Recebe o carinho de ambas as torcidas, o que sabemos não é fácil, em se tratando de Rio Grande do Sul.

São raros os casos de ex-jogadores que sabem se reinventar após o término das carreiras futebolísticas. No “nome de guerra” que o consagrou como atleta, carrega não apenas uma referência, mas sobretudo o reconhecimento ao bairro onde foi criado na região extremo Sul da capital gaúcha. Aos 45 anos, Paulo Cesar vive na maturidade um momento reflexivo. Nas páginas do livro “Chamando Atenção da Sorte”, que terá live de pré-venda no Instagram, nessa quinta-feira, 7 de setembro, o ex-jogador descreve, entre outros episódios, como aconteceu esse ponto de virada. Após deixar os gramados, tornou-se palestrante, empresário e criador de projetos sociais. Nas três atividades, mostra o mesmo talento e habilidade que o consagraram nos gramados.

Ao longo dos capítulos, surgem depoimentos de parceiros do mundo do futebol, empresários, familiares e amigos. Tinga divide com os leitores as histórias de vida contadas de forma simples, na intenção de inspirar as pessoas a vencer medos e bloqueios, resgatar autoestima, tirar ideias do papel, iniciar projetos e construir uma caminhada bem-sucedida, ancorada em coragem e gratidão.

Com tal perfil exitoso, a vida nos gramados e fora deles tem sido uma sequência de cases bem-sucedidos, Paulo Cesar é assediado por partidos políticos. Nas eleições do ano passado, novamente, recebeu inúmeros convites. Mais de um partido esteve interessado em transformar o seu prestígio em votos. Apesar das portas escancaradas e o tapete vermelho, estendido para que concorresse a uma cadeira nas casas legislativas, e até mesmo a cargos em chapa majoritária, vice-governador e senador, Tinga preferiu continuar como um agente de transformação da realidade fora da política tradicional. Por enquanto, ainda não cedeu aos apelos da “mosca azul”.

 

VOCAÇÃO SOLIDÁRIA
Voluntário conhecido por organizar ações de cunho social, não apenas na capital gaúcha e no interior, mas também em outros Estados, sempre ao lado da esposa, Milene Nascimento, Paulo Cesar criou e comanda o projeto do ônibus “Time Fome de Aprender”, unidade móvel com biblioteca e restaurante. O veículo leva educação e alimento a centenas de moradores em situação de rua na Restinga.

A história de Tinga e Milene é um capítulo à parte, renderia um romance ou filme longa-metragem. É uma trajetória linda que eles construíram. Estão juntos faz 28 anos, eram vizinhos de rua. Ambos criados na Restinga, conheceram-se quando ela tinha 13 anos. Tinga jogava bola com o futuro sogro, e passava aos finais de semana na casa dela. Moravam a três prédios de distância, na mesma rua. Ela residia no térreo e ele aparecia na janela para flertar. Milene tinha uma condição financeira um pouco melhor do que a dele, em sua casa possuía telefone fixo, em que o atleta em início de carreira dava entrevistas, aproveitando para ficar perto da paixão. A primeira vez em que saíram para “jantar” foi no Xis do Tio Nelson, na Restinga. A primeira festa e o primeiro beijo foram no Teresópolis Tênis Clube, Baile da Espuma. E estão juntos desde então. O primeiro jogo de Tinga pelos profissionais do Grêmio, em Caxias do Sul, teve as presenças do sogro e da mãe do estreante, Dona Nadir.

Com Daniel e Davis Foto: Arquivo pessoal

O casal tem dois filhos, ambos seguiram os passos do pai. Davis, 20 anos, é um atacante que está defendendo as cores do Portimonense, em Portugal. Disputa a Liga Revelação Série B, onde vem marcando muitos gols. Daniel, 16 anos, está no time de base do tricolor gaúcho. E o Grêmio só ficou sabendo da relação familiar de Daniel com Tinga, muito tempo depois da avaliação. Davis e Daniel são dois guris muito especiais, íntegros. Os frutos não caíram longe do pé.

Desde criança, o ex-atleta e empresário acalentou o sonho de criar um coletivo que pudesse levar alimentos para o corpo e a mente. Tinga tem sangue e vocação para a solidariedade. Ele começou essa caminhada quando o amigo Dunga, já aposentado dos gramados e casamatas de estádios, convidou-o para o “Projeto Esporte Clube Cidadão”, também na Restinga.

Foi ali que ele percebeu uma possibilidade concreta: para além de colocar dinheiro em projetos sociais, usar a própria imagem de ídolo e amealhar parcerias, entre amigos e empresários que pudessem bancar os seus projetos de transformação social.

Com o desejo de fazer um ônibus com cozinha e biblioteca, dirigiu-se à fabricante do veículo e encomendou a unidade móvel, empregando recursos do próprio bolso. A ideia de colocar um ônibus que pudesse levar alimento e conhecimento à população mais necessitada da Restinga, e do centro de Porto Alegre, logo foi encampada por outras celebridades do futebol. Atualmente, o ônibus fica estacionado durante a semana na escola de samba Estado Maior da Restinga. Oferece refeições gratuitas e aulas de reforço escolar para crianças, cursos de alfabetização para moradores de rua. Aos sábados e domingos, o veículo sai com os voluntários para distribuir
marmitas, inclusive aos dependentes químicos que vivem pelas ruas do Centro Histórico de Porto Alegre.

“A melhor maneira de socializar as pessoas, acredito, ainda é a geração de emprego. Esse é o maior projeto social da história. Eu sempre defendo isso, que a gente faça os projetos sociais, mas o melhor mesmo é dar trabalho às pessoas. Eu nunca vi uma vítima subir num pódio. Nós não nos vitimarmos é uma grande oportunidade para pudermos ter um olhar diferente sobre a realidade”, defende o empresário e palestrante Paulo Cesar Tinga, agora autor de livro motivacional.

ATIVIDADES EMPRESARIAIS E PROJETOS PARALELOS
Tinga atua como empresário em segmentos que vão do Turismo a Moda. Ele fundou o primeiro curso online direcionado à formação de novos atletas, o ByTinga, investe nos ramos imobiliário e de entretenimento, proprietário de uma agência de viagens, dedica-se à grife de roupas Território Sagrado e mantém uma agenda de palestras em todo o país.

Curioso por natureza, inovação sempre foi um tema que lhe chamou atenção. Consciente da jornada intensa, porém curta, na vida útil de um atleta de alto rendimento, aos 28 anos, quase uma década antes de se aposentar, passou a olhar para novos negócios e alternativas fora do esporte. Não desejava ser empresário de jogador, tampouco treinador. Se fosse para seguir no futebol, queria ser uma liderança. Em 2015, foi convidado e aceitou gerenciar o Cruzeiro, mas sempre com olhar atento a novas possibilidades e valores, além do futebol.

Em “Na Van By Tinga”, projeto audiovisual criado recentemente, ele apresenta no YouTube entrevistas que primam pela troca de experiências. Como convidados estão sempre aqueles que tenham sido importantes para a vida e a carreira do ex-jogador, tanto como atleta, quanto como palestrante e empresário. Basicamente, o mesmo caminho que norteia a palestra “Gestão além da planilha” e o curso “Ação transforma+”. Como se tudo isso não bastasse, Tinga cuida da carreira do atleta Fabricio Neis, porto-alegrense de 32 anos que acumula títulos no Beach Tennis, esporte que também é praticado pelo ex-jogador da dupla Grenal.

“Chamando atenção da sorte”, o livro de estreia de Paulo Cesar Tinga, terá live de lançamento para pré-venda no Instagram, às 19h do dia 7 de setembro, em @tinga7oficial e @vitrolalivros. Nele, ao falar sobre a importância do trabalho, Paulo Cesar Tinga relembra a história da mãe, D.Nadir saía de madrugada para trabalhar, cuidava de banheiros em  salões de festa e bailes de formatura, levava uma sacola vazia e retornava com duas cheias. E isso chamou atenção do jovem Tinga. Ele torcia para chegar aquele dia, quando mudava a situação da geladeira de casa. “Ali eu percebi: opa! Se a minha mãe saía de madrugada com uma sacola vazia e retornava com duas cheias, repletas de coisas, comida e bebidas, então é porque trabalhar é bom. Eu sempre digo: a única maneira de transformação é o trabalho. Não acredito em nada legal que não tenha trabalho. E o livro é sobre isso, chamar a atenção da sorte pelo trabalho”, pontua nosso craque nos gramados e na vida.

 

 

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