A Secretaria da Cultura (Sedac), por meio do Instituto Estadual de Artes Visuais (IEAVi), e o Serviço Social do Comércio (Sesc/RS) assinaram, nesta terça-feira (10/10), um termo de cooperação para a realização da exposição itinerante Magliani – Obra Gráfica. O conjunto de gravuras produzidas pela artista gaúcha será exibido em quatro cidades do Estado. A cerimônia de assinatura foi realizada na sede do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, na Casa de Cultura Mario Quintana.
A parceria tem o objetivo de incentivar a produção e a circulação das artes visuais no Estado. “O Sesc/RS é um grande parceiro da Sedac na difusão das artes em território gaúcho e estamos muito felizes diante da perspectiva de levar parte da magnífica obra de Maria Lídia Magliani a mais três municípios, além de Porto Alegre. Magliani é um expoente das nossas artes visuais, suas gravuras e pinturas reunidas nessa mostra têm forte impacto e refletem seu vigor criativo. Promover a circulação desse belíssimo acervo é parte da missão do IEAVi”, disse a titular da Sedac, Beatriz Araujo.
O gerente de Cultura do Sesc/RS, Silvio Bento, destacou que a ação marca a retomada de uma parceria para disseminação das artes visuais no interior do Estado. “Às vezes, os espaços têm dificuldades para receber uma mostra com essa envergadura. Então temos o objetivo de promover cultura e possibilitar que mais pessoas tenham acesso à obra de uma artista tão importante como foi Maria Lídia Magliani”, afirmou.
Serão expostas 74 gravuras e pinturas produzidas ao longo de sua carreira. O projeto é uma iniciativa do Núcleo Magliani, centro de referência da obra da artista fundado por Júlio Castro, em 2013, que assina a curadoria da mostra. A exposição itinerante do conjunto, que reúne de maneira inédita no sul do país a obra em gravura de Magliani, começa no Museu Leopoldo Gotuzzo (MALG), em Pelotas, cidade natal da artista. A abertura está prevista para 9 de novembro. Depois, segue para o Museu de Arte de Santa Maria (MASM), para a Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, em Caxias do Sul, terminando, em junho de 2024, no MACRS.
“Projetos de circulação com acervos de grande relevância, como o que está sendo disponibilizado nessa exposição, são fundamentais para promover e integrar as artes visuais no Rio Grande do Sul, levando ao público uma programação de qualidade”, observou a diretora do IEAVi e do MACRS, Adriana Boff .
Sobre a exposição
A exposição Magliani – Obra Gráfica apresenta um recorte da obra da artista, cuja obra é perpassada pelo expressionismo. “Sutilmente, influências vão se revelando, como a da literatura. Dostoiévski era seu autor favorito. Imaginemos o impacto exercido na leitora Magliani ao se deparar com as xilogravuras ricas em texturas com que o austríaco Axl Leskoschek (1889-1975) ilustrou a tradução brasileira das obras do autor russo. A maestria rende frutos duradouros”, comentou o curador Júlio Castro.
O Núcleo Magliani funciona no Estúdio Dezenove, no Rio de Janeiro, e tem apoio oficial da família de Magliani. Com a missão de preservar e difundir o acervo deixado pela artista, reúne pinturas, desenhos, gravuras, documentos pessoais e material de referência da obra, onde anteriormente foi seu atelier.
Sobre a artista
A artista Maria Lídia Magliani (1946-2012) se formou Instituto de Artes em Porto Alegre e foi a primeira aluna negra a se formar na escola de arte da Universidade federal do Rio Grande do Sul. Em 1966, ainda estudante, realizou sua primeira exposição individual na Galeria Espaço, em Porto Alegre, tendo o professor Ado Malagoli como seu incentivador. Ao longo do tempo, Magliani tornou-se uma figura emblemática de sua geração, pois realizou várias exposições de sucesso nas décadas de 1970 e 1980.
Além de reconhecida como pintora, trabalhou intensamente no teatro. Sob a direção de Ivo Bender, participou como atriz da montagem de Antígona, de Sófocles, na qual interpretou Tirésias, o adivinho cego. Como ilustradora, trabalhou nas redações de imprensa em Porto Alegre, nos jornais Folha da Manhã e Zero Hora. Sua trajetória demonstra que a sua atuação no contexto artístico sempre foi múltipla, refletindo o talento que tinha para trabalhar em várias frentes, por vezes, simultaneamente. Essa força da energia criadora contrastava com uma saúde frágil, que foi responsável por sua morte precoce aos 66 anos, em plena pulsão criativa.