Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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Em 2024, o nome do jogo será confiança; por Anik Suzuki

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Precisamos assegurar meios de oferecer proteção, força e potência às empresas, sejam quais forem as adversidades do cenário. Foto: Gladstone Campos / Especial

 

Quero falar com você sobre confiança.

Em 2024, mais do que nunca, confiança é o que vai permitir às empresas manterem-se fortes e com fôlego para se adaptar e prosperar, independentemente das mudanças que terão impacto sobre o negócio.

Confiança, nos dias de hoje e para o futuro, é o que vai assegurar a preferência dos públicos, tanto para manter a liderança e continuar crescendo quanto para bloquear o avanço da concorrência. Além disso, outro ponto muito relevante para as empresas brasileiras: confiança pode fazer a diferença e garantir resiliência nos momentos difíceis.

“Confiança é um pré-requisito para uma reputação forte que gera valor.”

Rupturas e transformações profundas
Os últimos 12 meses não foram para amadores. Vivemos tempos complexos, de rupturas e transformações profundas. Não foi um período favorável a improvisações, ao apego a convicções arraigadas ou a modelos preditivos. Provavelmente, você não imaginou um terço de tudo o que vimos nestes últimos meses. Vamos relembrar?

Assistimos, incrédulos, à invasão e à depredação do Planalto, do Congresso e do STF, em Brasília, no 8 de janeiro.

Mudanças climáticas, com desabamentos e enchentes no Sudeste, secas no Norte e chuvas em excesso no Sul, além de temperaturas muito acima da média por quase todo o país, causaram mortes, destruíram moradias, estradas e instalações de empresas, gerando prejuízos, desabastecimento e atraso em entregas. Contribuíram também para queimadas recordes na Amazônia.

A popularização da Inteligência Artificial Generativa acrescentou uma nova camada de desafios e oportunidades à estratégia das empresas, com impacto em custos, discussões éticas e para o futuro do trabalho.

No mundo, vimos ressurgir o terrorismo com as atrocidades indefensáveis ocorridas em Israel no 7 de outubro, que deram início à guerra contra o Hamas e à tragédia humanitária no Oriente Médio. Além disso, segue a guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Esses e outros eventos fogem ao controle das lideranças nas empresas, mas, de alguma forma, repercutem também nas organizações.

Crises de imagem e reputação
Esse foi, sem dúvida, um ano conturbado no cenário empresarial, do ponto de vista das crises de imagem e reputação. Muitas empresas pagaram um preço alto por suas inconsistências e vulnerabilidades. Você já parou para pensar quanto das manchetes foram ocupadas de janeiro até agora com escândalos, denúncias e mal-entendidos envolvendo nomes de empresas, empresários e executivos C-Level?

Logo no início de janeiro, recebemos em todos os grupos de WhatsApp as notícias sobre as distorções contábeis das Lojas Americanas e a inação dos acionistas de referência, tão respeitados até então.

Agora mesmo, antes de o ano encerrar, acompanhamos o desfecho de uma tragédia anunciada em Maceió: o afundamento de um bairro inteiro e o comprometimento de vários outros, com repercussões sociais e ambientais, provocado por um projeto de mineração da Braskem.

Entre esses dois casos de maior repercussão, presenciamos muitos outros de diferentes dimensões ao longo do ano, alguns dos quais poderiam ter sido evitados ou mitigados com gerenciamentos de riscos ou de crise adequados:

Você vai lembrar, ainda no primeiro trimestre do ano, soubemos de denúncias de trabalho análogo à escravidão envolvendo as tradicionais vinícolas Aurora, Garibaldi e Salton, além de casos ligados a produtores de arroz na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul e em pleno festival Lollapalooza. Todos os episódios estão relacionados a trabalhadores terceirizados, embora o impacto acabe atingindo mais os contratantes.

Despreparo e pouca atenção aos temas de diversidade e inclusão provocaram danos em empresas de diferentes portes e setores, ao longo de todo o ano. Além de denúncias de racismo ligadas ao Carrefour, polarizaram as redes sociais casos relacionados a etarismo, orientação sexual, discriminação de mulheres e até restrições quanto a cabelos, roupas e comportamentos.

Num ambiente de acirrada polarização política no país, sobrou para a Mondelez (com o Bis, da Lacta) e para a Nestlé (com o Kit Kat), que nada tinham a ver com isso.

Uma das turnês mais esperada do ano, da Taylor Swift, acabou em tragédia, com morte, desmaios, queimaduras, além assaltos e arrastão. A T4F demorou, mas teve que vir a público se desculpar e se comprometer com melhorias.
Claro que há exemplos positivos. Muitas empresas brasileiras surpreenderam com novas abordagens.

Sim, muitas empresas no Brasil aproveitaram o ano para se aproximar de seus públicos com a aposta na produção em bases mais sustentáveis, com o lançamento de produtos inovadores e avançando nas tecnologias digitais.

Mas, mesmo a Inteligência Artificial, que abre perspectivas nunca viabilizadas antes em áreas como saúde pública, gerou uma série de problemas a empresas, principalmente devido a denúncias de vieses preconceituosos. E a própria OpenAI, responsável pelo pioneiro ChatGPT, se viu às voltas com uma crise de governança.

Novos métodos para pensar o futuro
Os fatos recentes indicam que já não temos mais tanto controle sobre muitas variáveis como imaginávamos até há pouco. A imprevisibilidade tende a ser permanente e a velocidade das mudanças já é maior do que a nossa capacidade de absorção, aprendizado e adaptação.

Neste ambiente, começa parecer pouco produtivo dedicar nosso tempo, energia, foco e dinheiro apenas olhando para trás, cruzando dados e fazendo dezenas ou centenas de análises, tentando adivinhar o que vai acontecer. E, comodamente, acreditando que, com isso, vamos preparar nossas empresas para o enfrentamento.

Precisamos, com novos métodos, assegurar meios de garantir proteção, força e potência às empresas, independentemente do cenário em que estaremos inseridos ali na frente. E estou convicta de que o nome desse jogo é confiança.

Comece pelos 3Cs
Confiança é um pré-requisito para uma reputação forte que gera valor e um estágio anterior à admiração, aquela que vai garantir diferenciação, preço premium ou volume de vendas, atração e retenção de talentos e longevidade.

Tenha sempre em mente que a conquista e a manutenção da confiança dos stakeholders em relação a sua empresa, marca e pessoas precisam ser intencionais e resultado de um trabalho com método, processos, indicadores e responsabilização. Mas sobre isso, vamos falar mais adiante, em outros momentos one to one.

Por ora, coloque nas prioridades olhar com muita atenção o que por aqui, na ANK, chamamos de “3Cs”:

Competência: a empresa cumpre o que promete e faz essa entrega com qualidade superior, se comparado com seus concorrentes?
Compromisso: a empresa é correta, justa e ética e demonstra comprometimento com as causas contemporâneas, para além do core business?
Comunicação: para construir confiança, você e sua empresa precisam SER e PARECER. Nesse sentido, comunicação é necessidade inadiável e precisa ser clara, consistente, redundante, humana e engajadora. E, claro, precisa chegar a quem de fato interessa.
Desejo que 2024 seja um ano incrível de crescimento e sonhos realizados.

Anik Suzuki é CEO da ANK Reputation
anik@ankreputation.com.br