O Espantalho é um monólogo onde Werner Schünemann interpreta um ator bem-sucedido, que vai ao sítio do pai jogar as suas cinzas. Ao chegar na horta cultivada pelo patriarca, ele se depara com um espantalho e caixas de madeiras com objetos pessoais, que revelam vestígios de sua vida e de suas relações. A direção é de Bob Bahlis, que deu início ao texto, finalizado com as percepções de Schünemann. O encontro dos artistas gaúchos não se dá por acaso e a diferença geracional revela-se como ingrediente especial que permeia toda a concepção e a montagem. O espetáculo terá uma única apresentação no Porto Verão Alegre, nesta quinta-feira, 25 de janeiro, às 20h, no Theatro São Pedro.
“Sempre achei que devemos buscar uma sociedade igualitária, mas sinto também que o papel masculino dentro da sociedade, que foi construído, ao longo de milênios, sobre o patriarcado, a opressão e o machismo, em breve não vai mais existir. Fui assistir a Velha D+, da Fernanda Carvalho Leite, que tem a direção do Bob e texto dele também. Ao final, disse ao Bob que era exatamente o que eu queria, mas voltado para a alma masculina. Tivemos experiências de trabalhos juntos em leituras de textos da Clarice Lispector, há dois anos. Eu queria que fosse um monólogo sobre o masculino, sobre pais, filhos e como as ideias gastas e perversas de masculinidade passam de geração em geração. Bob criou a história do personagem e me entregou uma estrutura, um breve relato da vida de um homem. E essa teatralização está sendo feita por nós dois juntos ”, conta Werner.
O personagem faz um exercício de recriação de sua memória, debruçando-se sobre a complexa relação estabelecida com o pai, desde a infância até a vida adulta. Entre as lembranças estão o período no internato, as primeiras relações amorosas, o casamento, a chegada do filho, a perda da mãe e reflete ainda sobre a finitude humana.
A passagem do pai se constitui em um elo entre o passado e o presente, mas também instaura uma necessidade de recomeço e renovação. Usando de simplicidade e delicadeza, o público é alvo fácil de cada palavra, cada sentimento, contidos em todas as linhas do roteiro. Uma peça sobre ser homem, sobre perdão e sobre fragilidades.
“Eu acho importante a gente trazer de volta o questionamento do que é humano. Eu quero falar sobre o humano, não necessariamente o humano apenas do homem. A peça trata de assuntos que são comuns a todos nós, humanos: vida, existência, morte, sucessão. Eu queria falar sobre as minhas preocupações, os meus sentimentos sobre esses assuntos. A minha emoção é sobre o assunto que o personagem está falando e a peça é extremamente verdadeira. Na peça, fico de peito aberto e rasgado diante disso”, confessa Werner.
Há uma obra de arte, pintada em uma grande tela, que fará parte do fundo de palco do espetáculo. As cores e o fluxo da obra remetem a algo aquático e também de vegetação. “Pensei no personagem, na sensibilidade das descobertas dele. Então produzi um cenário abstrato para que o espectador fosse descobrindo aos poucos, junto com a luz, que tratam-se de árvores, floresta, próximo a um rio, a uma horta. Gosto que as pessoas tenham várias interpretações. O fundo tem nuances que ora lembram água, ora lembram mato, tem profundidade, é possível fugir dentro daquela imagem. Trabalhei muita textura, com raízes têxteis, com reciclados”, explica Tânia Oliveira, que é responsável pela cenografia e figurino. Quem assina a trilha sonora do espetáculo é Hique Gomez.
Ficha Técnica:
Autor: Bob Bhalis e Werner Shünemann
Direção: Bob Bahlis
Elenco: Werner Shünemann
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
Acessibilidade: Esta sessão contará com Intérprete de Libras.
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*Não será permitida a entrada após o início do espetáculo. Não havendo a devolução do valor nem troca de ingressos para outro dia ou outra sessão*