A troca de gestão hospitalar em Alvorada e Cachoeirinha, a restrição a casos graves, a interrupção dos serviços de traumatologia e ortopedia, o encerramento de serviços de saúde mental e urgência e emergência do hospital de Viamão e a crise nas instituições hospitalares de Canoas por falta de medicamentos, insumos e recursos humanos, acabam por fazer com que os pacientes fora de referência que buscam atendimento em Porto Alegre, inclusive de van, sobrecarreguem a rede de assistência da Capital, especialmente as emergências.
Há pelo menos um ano e meio Porto Alegre sofre com a alta demanda da Região Metropolitana. Atualmente mais de 50% das internações hospitalares na Capital são do interior, grande parte de Canoas, Viamão, Cachoeirinha, Alvorada e Gravataí. “Porto Alegre é a capital de todos os gaúchos, mas ultrapassamos o papel de somente nos responsabilizarmos pela integralidade da atenção. Estamos preocupados com as formas de garantir acesso a centenas de pacientes, a maioria da Região Metropolitana”, afirma o secretário de Saúde, Fernando Ritter.
Segundo Ritter, na reunião ficou evidenciada a dificuldade de regulação, uma vez que a gestão estadual monitora vagas em apenas 21 hospitais do Estado. Isso decorre da ausência de interoperabilidade dos sistemas, mesmo que previsto em contrato.
Revisão – Diante dos transtornos, a gestão municipal está em busca de encaminhamentos que não causem desassistência e propôs uma revisão da utilização da “vaga zero” na rede de urgência, recurso essencial para garantir acesso imediato aos pacientes com risco de morte ou sofrimento intenso, devendo ser considerada como situação excepcional, especialmente pela falta de capacidade instalada da Capital para suportar a demanda de toda Região Metropolitana e de outros municípios do Estado.
Nesse sentido, a transparência na regulação de leitos estadual em tempo real com redefinição dos protocolos de referência e contrarreferência dos atendimentos de urgência são essenciais para minimizar os efeitos que vêm causando no sistema hospitalar e de urgência e emergência da Capital. O Estado se comprometeu em construir um fluxo para transferir pacientes menos graves que estão em Porto Alegre para que voltem para sua origem.
Ficou agendada uma nova reunião, na quinta-feira, 4, na sede da SMS. ”A regulação do Estado está às cegas para regular pacientes e um exemplo é a ausência de dashboard público dos hospitais estaduais, impossibilitando a regulação estadual de mapear as portas de emergência de outros municípios. Esperamos equalizar essa situação, que está insustentável e gera preocupação assistencial”, observa o secretário.