“Tem sentenças que animam a gente e fazem com que possamos acreditar na mudança de realidade em busca de um mundo melhor”. A declaração foi da jornalista da RBS TV, Isabel Ferrari, durante palestra alusiva ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, realizada nesta terça-feira (2/4), no Auditório Espaço Multi-Comunicação e Eventos do Tribunal de Justiça. Com o tema “Inclusão Amorosa”, o evento emocionou a plateia e abordou o respeito à diversidade no mundo contemporâneo. A convidada fez um relato de sua história de vida acerca da convivência com o filho João Pedro, de 13 anos, diagnosticado com autismo.
Na abertura do evento, a jornalista entrou no auditório cantando a canção popular “Se essa rua fosse minha”, que utiliza como forma de se comunicar com seu filho, que pronuncia poucas palavras.
A Jornalista enfatizou a importância da população ampliar o debate acerca de temas nesta área. “A sociedade tem medo de falar sobre saúde mental, quando, na verdade, deve ser algo natural entre todos nós”, afirmou. Ao comentar sobre a sua trajetória como Jornalista e mãe, a palestrante destacou: “Sempre fui uma contadora de histórias, mas jamais pensei que minha vida ia virar uma história”. Ela falou que ninguém é igual ao outro, cada pessoa possui as suas características. E, no que se refere ao autismo, acontece a mesma coisa, ou seja, são muitos tipos com diferentes espectros.
![jornalista em pé, com microfone, cantando música em meio ao público, que está sentado no auditório assistindo](https://www.tjrs.jus.br/static/2024/04/DSC_4108.jpg)
Palestrante cantou, junto à plateia, a música que ajuda na comunicação dela com o seu filho João Pedro. Foto: Eduardo Nichele/DICOM-TJRS
Segundo Isabel, “é preciso que a legislação ampare de maneira mais intensa as famílias de pessoas com autismo”, explicando que os diagnósticos são realizados de maneira tardia, normalmente no decorrer da infância ou adolescência. Ela informou ainda que uma criança, a cada 36 nascimentos, possui autismo.
O Presidente do Tribunal de Justiça, Desembargador Alberto Delgado Neto, destacou que a pauta do Poder Judiciário, em sua trajetória de 150 anos, procura uma aproximação intensa com as comunidades, para que possam partilhar os seus dramas e, com isso, seja feita uma reflexão sobre as necessidades mais importantes de todos os segmentos da sociedade. “Defendemos o fortalecimento constante do Estado Democrático de Direito e as minorias precisam cada vez mais do respeito de todos em busca de melhorias em termos de engajamento nos grupos sociais, sempre com um tratamento afetuoso”, disse ele. ” O Tribunal faz muito mais do que julgar processos, constando como um dos nossos valores a igualdade de tratamento, fomentando a responsabilidade social”. Conforme o magistrado, “eventos deste porte são fundamentais para o debate acerca da inclusão social, e serão incentivados pelo nosso Tribunal”.
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Viviane destacou a importância da palestra para a sociedade. Foto: Eduardo Nichele/ TJRS
No final do evento, familiares de pessoas com autismo e Advogados atuantes na área pediram a palavra para perguntas e comentários a respeito da palestra. A servidora do Judiciário gaúcho, Viviane Zambiasi, mãe do menino Antônio, de 5 anos, foi uma das que se manifestaram. “Eu não tenho rede de apoio e preciso agir sozinha em busca dos direitos e cuidados junto ao meu filho, e queria agradecer a iniciativa tomada pela Administração do TJ de promover palestras como esta que acompanhamos, pois despertam a importância da conscientização da sociedade sobre a inclusão social”, disse ela.
A Advogada Taiane Trindade, por sua vez, também enalteceu a relevância da abertura do espaço pelo TJ “para que todos possam saber mais a respeito das dificuldades enfrentadas pelos familiares de pessoas com autismo em busca dos seus direitos”. Ela também elogiou a coragem da palestrante ao falar sobre os desafios enfrentados em prol de melhores condições de vida para o filho João Pedro.