A Companhia de Dança Deborah Colker retorna a Porto Alegre para comemorar seu trigésimo aniversário com o novo espetáculo “Sagração”, apresentado pelo Ministério da Cultura e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura Lei Rouanet, Ministério da Cultura e Governo Federal União e Reconstrução. Nessa versão, a música clássica de Stravinsky encontra ritmos brasileiros no espetáculo inspirado por visões ancestrais sobre a origem do mundo. Ao longo dos 30 anos a companhia já realizou mais de duas mil apresentações, em mais de 100 cidades, de 35 países, totalizando um público de cerca de 4 milhões de pessoas.
Após sua estreia no Rio, a Companhia embarca para o Sul do país, se apresentando em Porto Alegre nos dias 19 e 20 de abril, no Centro de Eventos FIERGS – Teatro do SESI.
Os ingressos para as apresentações em Porto Alegre estão disponíveis para compra através do site. Há opções de ingressos populares com cotas limitadas.
A Companhia se apresenta também em Novo Hamburgo no dia 22 de abril, no Teatro Feevale.
“Ao longo desses anos, assistimos e participamos de muitas transformações na cultura, na política e na economia. Chegamos até aqui porque temos este espírito de evolução, que é um tema muito precioso para o novo espetáculo”, avalia o diretor executivo João Elias, que em 1994 fundou a companhia de dança com Deborah Colker.
O processo criativo de “Sagração” durou dois anos e meio. O espetáculo é uma livre adaptação de “A Sagração da Primavera”, obra composta pelo russo Igor Stravinsky, que ganhou projeção mundial pela montagem estreada em Paris em 1913, com coreografia de Vaslav Nijinsky e produção de Sergei Diaghilev para os Ballets Russes. A composição musical é considerada revolucionária por introduzir estruturas rítmicas e harmônicas nunca antes utilizadas em partituras.
“Quando decidi recontar esse clássico, pensei que teria de ser a partir da cosmovisão de povos originários do Brasil”, lembra Deborah, que também é pianista. “Stravinsky foi responsável por pontos de ruptura e provocação entre o erudito e o primitivo. ‘A Sagração da Primavera’ representa esses pontos de evolução da humanidade”.
Foi em uma viagem para o Xingu, durante o Kuarup, e no encontro com as aldeias indígenas Kalapalo e Kuikuro, que Deborah conheceu Takumã Kuikuro. O cineasta contou à ela como o povo do chão recebeu o fogo do Urubu Rei. Essa história é dançada e acompanhada por narração do próprio Takumã e faz parte da coleção de cosmogonias que a diretora reuniu para montar a dramaturgia do espetáculo.
“Tudo só poderia ter começado com uma mulher. Uma avó. A avó do mundo”, conclui Deborah, que, na companhia de Nilton Bonder, revisitou a mitologia judaico-cristã. Do livro “Gênesis”, as passagens sobre Eva e a serpente e sobre Abraão ganham cenas que destacam momentos de ruptura. “São dois mitos que elaboram sobre a consciência humana: pela autonomia de uma mulher que desperta para caminhos interditados e transgride; e de um homem que sai da sua casa e cultura em direção a si mesmo”, destaca o dramaturgo. Além das alegorias bíblicas, a coreógrafa também buscou referências na literatura científica.
“A versão mais recente da nossa espécie é a Homo sapiens sapiens que, assim como outros seres, precisa se adaptar constantemente”, pontua Deborah, destacando a presença das personagens que representam bactérias, herbívoros e quadrúpedes no espetáculo. “Nossa dramaturgia é feita da poesia presente em mitos e teorias que pensam a existência da vida em nosso planeta”. A coreógrafa, em parceria com o diretor musical Alexandre Elias, introduziu à partitura instrumental de Stravinsky a sonoridade pujante das florestas e ritmos brasileiros.
Boi bumbá, coco, afoxé e samba foram introduzidos à criação de Stravinsky. Aos acordes de instrumentos de orquestra, o diretor musical adicionou flauta de madeira, maracá, caxixi e tambores. Os paus de chuva também entram em cena no arranjo executado ao vivo pelos bailarinos. Para Alexandre Elias, “foi um privilégio trabalhar profundamente na estrutura da obra”
Criação, Direção e Dramaturgia: DEBORAH COLKER
Direção Executiva: JOÃO ELIAS
Direção Musical: ALEXANDRE ELIAS
Direção de Arte: GRINGO CARDIA
Dramaturgia: NILTON BONDER
Figurinos: CLAUDIA KOPKE
Desenho de Luz: BETO BRUEL
Fotografia : FLÁVIO COLKER
Coordenação Tour: ORTH PRODUÇÕES
SERVIÇO:
Local: CENTRO DE EVENTOS FIERGS – TEATRO DO SESI
Data e Horário: 19/04 – 21H | 20/04 – 20H
Faixa Etária: A PARTIR DE 10 ANOS
Duração: 70 MINUTOS (sem intervalo)
Acessibilidade: LOCAL ACESSÍVEL PARA CADEIRANTES
Valor do ingresso
R$ 200,00 Plateia Baixa
R$ 180,00 Plateia Alta
R$ 160,00 Mezanino
Ingresso Popular (limitado)
R$ 19,80 e R$ 38,60 Mezanino