Porto Alegre, segunda, 21 de outubro de 2024
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Porto Alegre: Município avalia situação dos espaços culturais após a enchente

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Em reunião realizada nesta sexta-feira, 31, o comitê de recuperação dos equipamentos culturais da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMCEC) discutiu a situação dos espaços culturais mantidos pela prefeitura e as ações necessárias para diante dos prejuízos causados pela enchente. O comitê foi instituído por meio de portaria.

As instituições permanecem fechadas e, de acordo com o documento, não podem ser acessadas por questões de segurança. Na reunião, foram traçadas ações necessárias à recuperação dos espaços, desde o descarte de materiais, mobiliário e equipamentos avariados; a drenagem das estruturas; até a limpeza pesada para remoção de sujeira e lama.

“Nosso empenho imediato é para reerguer e dar vida nova a estes espaços históricos que representam a cultura de Porto Alegre. Já estamos conversando com representantes de eventos importantes na cidade, como Rap em Cena, Expofavela, Bienal do Mercosul, Feira do Livro e Acampamento Farroupilha, para buscar modelos de cooperação”, comentou o secretário municipal de Cultura, Eduardo Paim.

Centro Municipal de Cultura – Pela dimensão dos danos e o expressivo público que recebe mensalmente, o Centro Municipal de Cultura (avenida Érico Veríssimo, 307 – Menino Deus) é o primeiro equipamento cultural que deverá ser recuperado.

Construído nos anos 1970, o local abriga o Atelier Livre Xico Stockinger; a Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães; a Sala Álvaro Moreyra; o Teatro Renascença; as coordenações de Dança, Artes Cênicas e Literatura, além de um saguão de Exposições.

No Renascença, foram atingidos palco, cortinas, carpete e poltronas, que ficaram praticamente submersas e deverão ser substituídas integralmente. As tábuas do piso do palco foram inundadas e ficaram onduladas. O piano também precisará de reparos devido à umidade. Após a retirada da água de dentro do prédio, a equipe técnica dará início à limpeza da subestação elétrica, incluindo transformadores e quadros de luz.

As bombas de drenagem também só serão religadas após o ambiente estar seco para então ser feita a limpeza da caixa d’água. O Teatro Renascença recebe um público médio superior a 5 mil pessoas por mês. Os eventos estão sendo transferidos para o Teatro de Câmara Túlio Piva.

Atelier Livre – O subsolo ficou alagado, com danos às salas de escultura, cerâmica, xilogravura, litogravura e biblioteca. O acervo histórico, com vídeos e fotografias, também sofreu avarias. A água alcançou as salas administrativas comprometendo computadores e arquivos com documentos diversos. Houve a perda total do mobiliário e equipamentos e ferramentas utilizados nos cursos práticos de cerâmica, escultura e xilogravura. Os 20 cursos regulares e os 12 cursos extras, além de palestras, foram cancelados.

Cerca de 400 alunos ficaram prejudicados. 40% dos livros de arte foram perdidos. Será feita limpeza e descontaminação do ambiente e a direção busca parcerias para restabelecer os cursos e as demais necessidades. Os cursos regulares serão remanejados para outras instituições que serão divulgadas em breve.

Biblioteca Municipal Josué Guimarães – O local teve seu subsolo, onde estão armazenados DVDs e cerca de 200 livros, completamente inundado. Foi tudo perdido, juntamente com computadores e mobiliário, assim como o piso que irá necessitar de forte camada de impermeabilizante. Todo material do andar térreo e mezanino que guardam as fichas de milhares de usuários e o acervo de 30 mil livros foram preservados. No entanto, o espaço precisa de nova pintura. Na Biblioteca, o público é de 200 pessoas mensalmente e um total de 20 mil empréstimos de livros, anualmente.

Museu de Arte do Paço Municipal – Localizado no Centro Histórico, o prédio histórico foi cercado pela enchente. No local, está situada a Pinacoteca Aldo Locatelli. O porão exibia a exposição “Veracidade”, cujas peças fotográficas foram retiradas antes do avanço das águas. Permaneceram no espaço do porão esculturas que não puderam ser removidas devido ao peso dos materiais de cimento maciço e ferro: maquete do Monumento aos Açorianos (Carlos Tenius); Escultura de Xico Stockinger (da série Gabirus) e três esculturas de Vasco Prado.

Museu Joaquim Felizardo – O local, na Cidade Baixa (rua João Alfredo, 582), teve parte do acervo arqueológico afetado pela enchente. No térreo, estavam cerca de 300 mil fragmentos arqueológicos que remontam à história da ocupação indígena anterior à colonização portuguesa, como louças, cerâmica, vidro, metal, couro e pedra. Parte disso ficou submerso. A direção do museu já está em contato com equipes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que irão ajudar no processo de restauro.

Foram preservadas 12 mil fotos e 1,5 mil objetos do acervo, que conta com documentos, indumentárias e objetos diversos sobre a história da Capital. Somente após o trabalho de limpeza, o museu poderá ser reaberto, o que ainda não tem data prevista. Neste sábado, 1º, terá início a limpeza.

O coordenador de Artes Visuais da SMCEC, Paulo Amaral, salienta que o trabalho é cuidadoso e está alinhado com os padrões de órgãos estaduais e federais que tratam da questão do patrimônio histórico. “Os espaços culturais e as obras de arte serão limpas de acordo com as normas e cuidados necessários para um material de alto valor e significado tão importante para preservação da nossa cidade de Porto Alegre”, acentua.

Cinemateca Capitólio – Apesar de não ter sido atingida pela inundação, a Cinemateca, que fica no Centro Histórico, teve de cancelar as atividades culturais e cinematográficas desde o dia 3 de maio, seguindo orientação da Defesa Civil para que fosse evitada a circulação na região central da cidade. As atividades foram retomadas nesta quinta-feira, 30, com apresentação da mostra cinematográfica Ao Sentido Comunitário.

Casa Torelly – No local está situada a Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC) e a Direção de Patrimônio e Memória do Município. O casarão na avenida Independência foi atingido pela forte chuva, com goteiras molhando o interior do prédio. Todo o telhado deverá ser recuperado.

Casa da Coordenação de Música – Teve estragos no piso de madeira; armários e demais mobiliários, além de geladeira, microfones com e sem fio; caixas de som e ar condicionado.

Casa D – A Casa D não teve prejuízos e abrigou 50 pessoas do Quilombo do Areal que foram atingidas pela enchente, no período de 11 a 22 de maio. Na Pinacoteca Aldo Locatelli; Pinacoteca Rubem Berta; Arquivo Histórico Moysés Vellinho; Casa de Cultura Plauto Cruz e Sala Álvaro Moreyra não foram registrados danos.