Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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Cinema: 'Antonio Candido, anotações finais', de Eduardo Escorel, estreia em Porto Alegre. Com narração de Matheus Nachtergaele, documentário é baseado nos últimos dois cadernos de anotações deixados inéditos pelo crítico literário

Detalhes Notícia
Antonio Candido, 1967 Foto: Ana Luisa Escorel

 

O documentário “Antonio Candido, anotações finais” entra em cartaz em Porto Alegre (RS), no dia 17 de outubro de 2024, quinta-feira, no CineBancários (Rua General Câmara, 424).  Além da essencial obra publicada, Antonio Candido (1918-2017) deixou 74 cadernos inéditos. O sociólogo e crítico literário fala de temas como sua fragilidade física, a crise política da época, gostos literários e musicais, e lembranças de Gilda, sua mulher. Fotografias e gravações complementam o texto, dando acesso às reflexões frente à iminência do fim. Baseado nos dois últimos, Eduardo Escorel construiu o roteiro do filme que inclui comentários escritos entre 2015 e 2017.

Temas recorrentes, entre vários outros, são os sinais de fragilidade física, notícias de jornal ou acompanhadas pela televisão – como a crise política da época –, preferências literárias, musicais e cinematográficas, evocações dos antepassados, menções à infância no sudoeste de Minas Gerais e lembranças de Gilda, sua mulher. O vasto acervo de fotografias do casal, além de imagens de arquivo e gravações originais, complementam o texto, dando acesso às reflexões de Antonio Candido, que morreu aos 98 anos.

Os  textos que deram origem ao filme foram “Prós e contras” e “O pranto dos livros”. “O filme que estreia agora resulta do impacto da leitura desses dois textos tão instigantes”, define o diretor Eduardo Escorel. “No primeiro, Candido revê a luta contra a ditadura do Estado Novo, da qual participou de 1942 a 1945, tendo se associado à opinião liberal contra o que parecia manifestação de fascismo. No outro, ele imagina estar fechado em um caixão à espera de ser cremado, enquanto seus livros choram lágrimas invisíveis”, resume o diretor.

Antonio Candido Foto: Arquivo Pessoal

A obra de Antonio Candido (1918-2017), um dos intelectuais mais destacados do Brasil, é equiparável à de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr. e Celso Furtado. Crítico literário, historiador e teórico da literatura, Antonio Candido foi também professor e orientador de várias gerações de alunos nas cadeiras de Ciências Sociais e de Teoria Literária e Literatura Comparada, na Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas da USP.

Socialista desde jovem, manteve-se fiel a essa orientação política, tendo sido fundador do PT – Partido dos Trabalhadores, em 1980. É autor de cerca de duas dezenas de livros entre os quais Formação da literatura brasileira, momentos decisivos 1750 – 1880 e Os Parceiros do Rio Bonito, ambos publicados em 1959. Em 2004, foi publicado O Albatroz e o Chinês, seu último livro.

O narrador do filme é o ator paulista Matheus Nachtergaele. “Foi um desafio bonito botar a voz em um projeto tão pessoal do Eduardo Escorel como esse de narrar os últimos diários de vida de um mestre revolucionário, mas sereno que é Antonio Candido”, relembra. “Era preciso uma melancolia, mas não uma tristeza. Era preciso uma paixão educada, como é o retratado”, complementa. Ele conclui dizendo: “É um filme com a melancolia do fim de uma vida, mas com o otimismo de quem acredita no Brasil, ainda”.

Além de “Antonio Candido, anotações finais” (2024), Eduardo Escorel dirigiu “1968 – Um ano na vida” (2023), “SARS-CoV-2 / O Tempo da Pandemia” (2021, codireção de Lauro Escorel), “1937 – 45 Imagens do Estado Novo” (2015) e “Paulo Moura – Alma brasileira” (2013). Realizou seu primeiro documentário – “Bethânia Bem de Perto” – como fotógrafo, co-diretor e montador, em 1966, seguido de “Visão de Juazeiro”, em 1970. Dirigiu “Lição de amor”, seu primeiro longa-metragem de ficção, em 1975, seguido de “Ato de violência”, em 1979 e “O Cavalinho azul”, em 1984. Montou, entre outros, “Terra em Transe” (1967), “Macunaíma” (1969), “Cabra marcado para morrer” (1984), “Santiago” (com Letícia Serpa, 2006) e “No intenso agora” (com Laís Lifschitz, 2016). Publicou Adivinhadores de água, editado pela Cosac Naify, em 2005. Escreve coluna no site da revista piauí desde 2009.

“Antonio Candido, anotações finais” teve sua estreia no 29º Festival Internacional É Tudo Verdade e foi exibido na mostra Filmes para Adiar o Fim do Mundo do 25º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA). A produção é da SuperfilmesCinefilmes, com coprodução do SescTV e produção associada da Afinal Filmes. O patrocínio é do Itaú, com apoio no desenvolvimento da Lei Aldir Blanc / ProAC. A distribuição fica a cargo da Bretz Filmes.

“Antonio Candido, anotações finais”

Documentário | 87 min | 2024

Estreia em Porto Alegre (RS): 17 de outubro, no CineBancários (Rua General Câmara, 424)

Ficha Técnica:

Direção e roteiro: Eduardo Escorel

Narrador: Matheus Nachtergaele

Montagem: Laís Lifschitz e Eduardo Escorel

Direção de Fotografia e Fotos: Carlos Ebert e Guilherme Maranhão

Edição de Som e Mixagem: João Jabace e Luis Rodrigues

Produtores: Zita Carvalhosa, Patrick Leblanc e Eduardo Escorel

Produção: Superfilmes – Cinefilmes

Coprodução: SescTV

Produção associada: Afinal Filmes

Patrocínio: Itaú

Apoio no desenvolvimento: Lei Aldir Blanc / ProAC

Duração: 87 min.

Ano de produção: 2024

Distribuição: Bretz Filmes

Classificação indicativa: 12 anos