Porto Alegre, domingo, 24 de novembro de 2024
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PEIC/RS revela alta do percentual de famílias endividadas, mas perfil do endividamento melhora em relação ao mês anterior. Fecomércio-RS divulga resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias de setembro.

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"Estamos com patamares de endividamento e inadimplência ainda superiores ao que antecedeu a tragédia natural e entramos num ciclo de alta de juros, que tende naturalmente a reduzir a atividade econômica e impulsionar a inadimplência”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn. Foto: Arquivo

 

A Fecomércio-RS divulgou os resultados da edição de setembro de 2024 da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência das Famílias (PEIC-RS), da CNC. As entrevistas foram realizadas em Porto Alegre, nos últimos 10 dias do mês anterior. Os dados revelaram que o percentual de famílias gaúchas endividadas seguiu crescendo após o desastre natural que acometeu o estado, especialmente em maio de 2024. Em setembro de 2024, 94,0% dos entrevistados pela PEIC-RS apresentaram-se como tendo dívidas relacionadas a tomada de crédito. Em agosto de 2024, era de 92,9% e em setembro de 2023, 96,3%. Apesar dessa alta marginal, os dados desta edição apresentaram algumas melhoras que esboçam um processo de reação. Em relação ao nível de endividamento, 28,7% se assumiram “muito endividados”. Este percentual veio mais baixo que o mês anterior, depois de duas altas marginais consecutivas. Houve também redução na parcela da renda comprometida com o pagamento de dívidas (27,8% em setembro de 2024 – em média), interrompendo um ciclo de seis altas marginais consecutivas.

Os principais sinais de melhora, todavia, vieram dos indicadores ligados à inadimplência. O percentual de famílias com contas em atraso registrou recuo na margem, passando de 39,1% em agosto de 2024 para 38,4% em setembro de 2024. Vale salientar, porém, que esse percentual ainda é maior do que o verificado em maio de 2024 (edição que antecede a tragédia) quando marcava 34,4%. Houve também redução no tempo de atraso.

Já o percentual de famílias que não terão condições de quitar nenhuma parte das dívidas em atraso nos próximos 30 dias se manteve em 3,7% do total de famílias pesquisadas (9,6% entre as com dívidas em atraso), mesmo patamar de agosto de 2024. Na edição de setembro de 2023, esse percentual havia sido de 2,6%. Este indicador é importante para acompanhar o grau de persistência da inadimplência e, apesar da manutenção do patamar do indicador, houve uma melhora qualitativa significativa na passagem do mês. Entre os entrevistados que estavam em condição de inadimplência, houve um aumento relevante entre os que afirmaram ter condições de quitar a totalidade das dívidas em atraso nos próximos 30 dias. Esse percentual que era de 46,6% em agosto de 2024 e passou para 54,8% nesta edição, demonstrando o empenho das famílias em quitar os compromissos em atraso.

“Apesar da melhora observada no mês, o sinal de alerta sobre as condições de endividamento e inadimplência ressaltado na última edição desta pesquisa segue ligado. Estamos com patamares de endividamento e inadimplência ainda superiores ao que antecedeu a tragédia natural e entramos num ciclo de alta de juros, que tende naturalmente a reduzir a atividade econômica e impulsionar a inadimplência”, comentou o presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn.

Veja a análise econômica e dos dados completos.