A semana mais decisiva do ano, e provavelmente da próxima década, se inicia num cenário de grande indefinição. Segundo o agregador de pesquisas 538 da rede ABC, Trump está na frente (mas dentro da margem de erro) e segundo o site Real Clear Politics – que compila sites de apostas – Trump segue na dianteira, mas sua probabilidade de vitória caiu significativamente nos últimos dias.
A verdade é que não dá para saber com clareza quem vai ganhar e seguimos inquietos prontos para virar geleia.
Em tese a vitória de Trump tem um viés negativo para mercados emergentes por três motivos, a saber:
1-) o aumento de tarifas de importação pode diminuir os saldos comerciais de países emergentes,
2-) o corte de impostos nos EUA deve favorecer as empresas locais, fazendo o fluxo de dinheiro voltar para os EUA, e,
3-) a política de imigração de Trump somado às tarifas deve gerar mais inflação, o que limita a queda dos juros por lá.
Os três fatores em conjunto devem fazer ruído na bolsa por aqui, mas…
Sabemos bem que o mercado local não esconde sua desconfiança com o presidente Lula e que isso se revelou com toda sua força nas discussões fiscais nas últimas semanas. Se o Trump ganhar talvez o mercado pode ter uma leitura diferente da propriamente econômica e fazer a bolsa subir e os juros caírem por aqui sob uma ótica política.
Muitos na Faria Lima podem ver na vitória de Trump a impossibilidade de vitória de Lula em 2026 e assim antecipar que Lula e Haddad terão que fazer o mais rápido possível as reformas dos gastos no Brasil uma vez que se não fizerem o dólar pode disparar.
Essa é uma hipótese secundaria no meu cenário, mas tenho que reconhecer que faria todo o sentido esse resultado uma vez que a Faria Lima não esconde seu – que palavra posso usar? – desdém pelo presidente.
Não seria a primeira vez, nem a última, que o mercado iria passar esse recibo.