O relatório FOCUS divulgado hoje pelo Banco Central aponta mais uma vez deterioração das expectativas dos economistas para a inflação. Se de um lado o IPCA para 2024 teve ligeira queda, de 4,64% para 4,63%, o mesmo não pode ser dito para os anos de 25 e 26.
As projeções para o IPCA subiram significativamente. Para 2025 saiu de 4,12% para 4,34% e para 2026 subiu de 3,70% para 3,78%.
Num quadro que nem este o Banco Central não terá outra alternativa a não ser subir a SELIC ainda mais e projetamos que essa deve chegar a 13% já no início de 2025. O efeito da SELIC neste patamar será severo para a economia e o PIB tende a crescer menos e com efeitos possivelmente desastrosos sobre o mercado de capitais.
Como já argumentei em outras oportunidades o mercado tende a errar o PIB de 2025 para cima da mesma forma que projetou para baixo em 2023 e 2024. A questão é o modelo usado que subestima os impactos de curto prazo nas alterações da demanda.
Basta pensar. Se é verdade que:
1-) os juros vão subir fortemente;
2-) haverá algum corte de gastos;
3-) a taxa de desemprego deve parar de melhorar na margem; e,
4-) o governo Trump deve criar ruídos externos no início do ano.
A conclusão lógica é queda de atividade. Hoje o FOCUS projeta o PIB de 2025 em 1,95% de alta, mas me parece que está mais para 1,2% pela soma dos pontos acima levantados.
Como argumento há algum tempo meu receio é com a indústria de fundos, agora os fundos de Renda Fixa. Ao longo de 2024 estes fundos tiveram grandes aportes e com dinheiro em caixa saíram emprestando para muitas empresas que pegaram o dinheiro na perspectiva que a SELIC iria cair e o PIB seria mais forte em 2025.
Contudo o cenário hoje é o Porto ao do início do ano e assim devemos ver um estresse sobre estas empresas que tem dívidas atreladas ao CDI e simultaneamente podem ver as projeções de faturamento não se realizarem com o PIB mais fraco.
Não acredito em nenhuma quebradeira nem nada do tipo, vejo que há ainda gordura no sistema, mas podemos ver por conta disso ainda mais pessimismo no mercado uma vez que os spreads tendem a fechar ainda mais.