A Comissão de Assuntos Jurídicos da Farsul promoveu, na quarta-feira (12), durante a Expodireto, uma apresentação de painéis focados nos impactos climáticos, e nos esforços em prol da irrigação no Estado, além do seguro rural.
A abertura foi feita pelo Presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, que destacou que, enquanto outros países lutam para dessalinizar a água do mar, a falta de apoio público para investimentos em irrigação e reserva faz com que água potável brasileira deságue no mar sem uso algum. “Esses são problemas que nós produtores temos a capacidade de resolver, mas para isso é preciso vencer a burocracia estatal, que não nos permite avançar. Hoje nós estamos em busca de segurança jurídica para que isso ocorra”, declarou.
Albenir Querubini, presidente da UBAU (União Brasileira dos Agraristas Universitários), reforçou a declaração de Gedeão, destacando que não só a burocracia, mas também a carga tributária é um entrave no avanço dos investimentos no setor.
O diretor vice-presidente da Farsul, Domingos Velho Lopes, apresentou o primeiro painel, intitulado “Irrigação: avanços e desafios”. Domingos trouxe dados de órgãos internacionais que demonstram que o Brasil é um dos países com a matriz energética mais limpa do G20, e que a agricultura de baixo carbono é uma realidade no País. Para o dirigente, a irrigação é um dos principais pontos a se melhorar na agricultura gaúcha. “Eu posso ter a melhor tecnologia, os melhores pesquisadores, mas se não tiver água, o potencial genético de uma planta, de um animal, não se desenvolve”, declarou, apontando ainda que apenas 3% da área plantada no estado é irrigada.
O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, apresentou o painel “Impactos econômicos dos eventos climáticos na produção rural do RS”. Da Luz iniciou sua fala destacando que o Rio Grande do Sul vem de uma série de cinco anos com problemas climáticos que deixaram o produtor rural com passivos gigantescos. Segundo o economista “os recursos prometidos pelo governo federal não são o suficiente. Nós trabalhamos para criar linhas de renegociação de dívidas no ano passado, e conseguimos. O sistema funcionou enquanto houve dinheiro, mas o que veio foi insuficiente.” Ele destacou que mesmo com essas linhas, ainda existem 14 mil produtores que estão de fora dos programas.
O vice-presidente da Federação, Elmar Konrad, finalizou o ciclo de discussão com o painel “Eventos climáticos, endividamento e seguro rural”. Konrad reforçou os dados apresentados pelo setor econômico. “No último ano, apenas um terço dos nossos produtores tiveram acesso aos créditos oficiais do governo. O problema é que o produtor faz investimentos longos, de quatro, cinco anos, compra maquinário, e as regras mudam no meio do jogo”, completou.