O Rio Grande do Sul assinou, nesta quarta-feira (20/11), em Haifa, Israel, um memorando de entendimento com a empresa AEL Sistemas, cujo objetivo é incrementar parcerias, identificar oportunidades para colaboração científica e desenvolver ecossistemas de inovação. A AEL tem sede em Porto Alegre, mas é controlada pela Elbit Systems, um dos maiores conglomerados de tecnologia do país. O documento foi assinado pelo secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, e por Marcos Arend, representando a AEL. O foco do acordo é a tecnologia aeroespacial, área em que a AEL atua como fornecedora do Ministério da Defesa.
A Elbit Systems tem interesse em intensificar relações com instituições universitárias e parques tecnológicos para desenvolver tecnologias, o que pode representar uma convergência com o ecossistema de inovação do RS. “Podemos ajudar, pois hoje a cultura e o ambiente no Rio Grande do Sul estão muito melhores para esse tipo de aproximação”, explicou Lamb.
Em Haifa, ao norte de Israel, a comitiva conheceu parte das atividades da Elbit Systems, principalmente a divisão espacial. O grupo foi recebido por Slomo Erez, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios com o Brasil, que apresentou um panorama da empresa e anunciou a intenção de intensificar as relações comerciais com a América Latina, que representa apenas 5% do faturamento anual de US$ 3,9 bilhões da companhia. A Elbit Systems é uma empresa integrada ao sistema de defesa de Israel, desenvolvendo de maneira vertical – do design inicial à construção e operação – soluções de segurança e vigilância sob medida para o país.
O grupo tem cinco divisões, que vão de equipamentos para operações no mar, no ar e em terra, passando por sistemas de cibersegurança e chegando ao sofisticado mundo da tecnologia espacial. Um dos suportes para a expansão do grupo tem sido o investimento em pesquisa e desenvolvimento, que recebeu 9% da receita total da empresa em 2018.
De acordo com Erez, a estratégia é desenvolver, mas também transferir e internacionalizar tecnologia. É o que ocorre atualmente, por exemplo, com o projeto do caça sueco-brasileiro Gripen, para o qual a AEL desenvolveu sistemas. “Todos os aviônicos (equipamentos de navegação) do projeto Gripen são produzidos na AEL. E o Brasil economizou muito com isso”, disse Erez.
Outro aspecto reforçado pela visita à sede da Elbit Systems é o fato de Israel transformar os avanços tecnológicos que derivam de necessidades militares em invenções e artefatos que podem ser aplicados em outras áreas. A estratégia, além de ampliar os ciclos de utilização da técnica, proporciona com que a população compartilhe e faça uso das descobertas no cotidiano.
Mísseis de água para combate ao fogo
Ainda em Haifa, a comitiva conheceu um sistema desenvolvido pela Elbit, o Hydrop, que oferece uma solução revolucionária para o combate aéreo a incêndios. A tarefa de apagar incêndios usando helicópteros ou aviões sempre enfrentou o desafio da eficiência, por causa dos limites impostos pelo voo e pela dispersão da água ou das substâncias usadas no combate.
Com o Hydrop, o produto para combater o foco de incêndio é colocado em sacos de plástico biodegradáveis, que se transformam em pequenos “mísseis de água”.
Conforme Yair Ganor, diretor de Soluções para Grandes Áreas da Elbit Systems, o desenvolvimento da técnica ocorreu depois do incêndio que atingiu Israel em Monte Carmelo em 2010, que matou 43 pessoas e destruiu uma área de 35 quilômetros quadrados.
O Hydrop funciona como uma espécie de “bixiguinha”, lançadas aos milhares de uma altitude de 500 metros. O lançamento é controlado por sensores, também produzidos pela Elbit Systems. O contato com o foco do incêndio é preciso, mesmo com a presença de vento. “É um exemplo de uso de tecnologia aeroespacial, pois um cálculo balístico define o momento exato do lançamento”, explicou Ganor.
Nem mesmo um ramo tecnologicamente avançado como o espacial escapa da força disruptiva da inovação. A Elbit Systems trabalha em soluções para o mercado espacial, chamado por Izik Grosman, diretor de Soluções Espaciais da Elbit Systems, de “o novo espaço”. Israel aposta com todo vigor tecnológico em formas mais baratas de lançamento e equipamentos ainda mais versáteis, que ampliem as possibilidade de uso em monitoramento, vigilância, cibersegurança, internet das coisas e troca de dados.
A chave, de acordo com Grosman, é a possibilidade de a indústria israelense oferecer alternativas integradas, em um mercado que chegará aos US$ 3,5 bilhões em 2022. No caso da Elbit Systems, a vantagem está no fato de a empresa ser uma fornecedora em equipamentos físicos, sistemas de propulsão, sensoriamento e telecomunicações, oferecendo um produto mais eficiente. “O que nos diferencia são os nossos sistemas integrados, que nos ajudam a oferecer produtos inventivos, acessíveis e flexíveis”, afirmou Grosman.
Além de integrantes do governo do Estado e de empresários, participam das agendas por Israel, Estônia e Suécia representantes da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), da Universidade de Passo Fundo (UPF), da Imed, da Fábrica do Futuro, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), da Federação Israelita do Rio Grande do Sul e da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação – Regional RS (Assespro-RS).