A descontinuidade na implantação do Projeto Masterplan, voltado à revitalização do 4º Distrito, foi o principal ponto de discussão em reunião da Comissão Especial dos Prédios Abandonados em Porto Alegre. Vereadores que integram esta comissão e convidados estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira (21/11), na Câmara Municipal da capital gaúcha. A reclamação sobre a descontinuidade do projeto partiu do coordenador do Masterplan, engenheiro e professor universitário Benamy Turkienicz.
Na presença do presidente dos trabalhos, vereador Luciano Marcantônio (PTB), do relator, vereador Adeli Sell (PT), e do vereador Cassiá Carpes (PP), Turkienicz ressaltou que, sem um plano de negócios e mudanças jurídicas, a ocupação dessa área nobre da cidade, por sua proximidade com o Centro Histórico e cidades da Região Metropolitana, não irá avançar.
De acordo com o engenheiro, os estudos do Masterplan apresentaram uma proposta de ocupação limpa, sem poluição, e capaz de gerar desenvolvimento econômico e social para o 4º Distrito. Ele criticou os governos municipal e Estadual, considerando uma “irresponsabilidade” a falta de interesse na preservação e ocupação dos seus prédios e terrenos, considerando o levantamento do Masterplan de que são, juntamente com a União, os maiores proprietários da região.
Turkienicz, que atua na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), destacou ainda ser preciso promover alterações jurídicas para viabilizar mudanças na relação do Plano Diretor com as questões locais e de vizinhança. “Isso foi feito em cidades como Londres, Hamburgo e Barcelona, e deu certo”, justificou.
Estudos
A pedido do relator Adeli Sell foi solicitado ao servidor Guilherme Castanheira, representante da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAMS), presente na reunião, a apresentação dos relatórios apresentados pela Consultoria STEER, a segunda contratada pela atual gestão da prefeitura para elaborar estudos referentes ao 4º Distrito. A primeira, como informou Castanheira, foi a Deloit, em uma parceria do governo com o Banco Mundial, a qual, de acordo com o servidor, não concluiu o trabalho conforme havia sido solicitado. Castanheira entregou um resumo do material e se comprometeu a solicitar o envio do estudo completo à comissão.
Adeli, que também pediu que os dados completos do Masterplan disse que é preciso conhecer o que dizem esses relatórios, a exemplo dos apresentados pelo IPE na reunião anterior da comissão especial, sobre os imóveis abandonados pertencentes ao Instituto em toda a cidade. Já Turkienicz, quando questionado sobre a atuação das consultorias, disse desconhecer os resultados do trabalho. “Apenas fui ouvido em uma entrevista que não durou mais do que 20 minutos e depois nada mais”, lamentou.
Universidades
O professor defendeu que universidades como a Ufrgs e a PUCRS possam ocupar áreas já estruturadas na região. Disse que o aumento demográfico das vagas não veio acompanhado da infraestrutura e do espaço físico necessários para a qualificação do aprendizado. “No curso de Arquitetura, por exemplo, em comparação com a Universidade de São Paulo (USP), que tem cerca de 25 a 30 metros quadrados por aluno/professor, aqui temos menos de dois”, sentenciou. Para ele, o Estado e o Município deveriam ter mais interesse nesse processo indutor de desenvolvimento, juntamente com a ocupação por projetos habitacionais, de empresas de alta tecnologia e outras apontadas pelo Masterplan, como fundamentais para o processo de revitalização do 4ºDistrito em seus aspectos econômicos, ambientais e sociais.
Também participou da reunião o conselheiro do Plano Diretor pela Região de Planejamento 2, Adroaldo Barboza. Ele defendeu atenção especial aos habitantes e empresários que resistiram ao abandono e ainda moram ou mantem seus negócios na região. “Os mais antigos que lá estão devem ser ouvidos”, cobrou. Para o conselheiro, a Cultura, o Turismo, o Esporte e o Lazer devem estar contemplados nos projetos para o desenvolvimento do 4ºDistrito.
