Além da exposição, está agendada para esta quarta-feira uma homenagem ao Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. As atividades foram propostas pela deputada Sofia Cavedon e pelo deputado Luiz Fernando Mainardi, em parceria com a Federação Árabe Palestina do Brasil. A mostra reúne cartazes que segundo a FEPAL, comprovariam as irregularidades do Plano de Partilha proposto pela ONU em 1947 e suas consequências para uma população que até hoje tem o seu direito de autodeterminação negado.
A partir do documento protocolado pela Organização Sionista, o Ministério Público deve iniciar ainda nesta terça-feira uma investigação prévia à abertura de inquérito civil ou criminal. O presidente da Assembleia do RS, deputado Luís Augusto Lara, já entrou em contato com o deputado Luiz Fernando Mainardi pedindo que ele suspenda a exposição antissemita nas dependências da Casa Legislativa. Segundo Lara, não há apoio do Parlamento para o evento, as dependências são cedidas conforme os pedidos encaminhados pelos gabinetes dos deputados.
O presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul, Sebastian Watenberg divulgou uma Nota de Repúdio, sobre a exposição: “Repudiamos e lamentamos profundamente a exposição intitulada “Palestina: da Limpeza Étnica à Resistência e Reconhecimento Internacional” na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, iniciada no dia 25 de novembro de 2019, promovida pelo Dep. Luiz Fernando Mainardi (PT), em parceria com a Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), e com o Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino (ABCDMRR/SP). O material exposto promove a cizânia e aprofunda o conflito. Busca importação do conflito para uma sociedade onde os valores da tolerância e o respeito as diferenças. Há elementos de discurso de ódio inadmissíveis e mentiras históricas crassas. A demonização do Estado de Israel e a negação ao povo judeu o direito à autodeterminação em sua terra ancestral constituem a faceta mais moderna do antissemitismo. O movimento de boicote irrestrito aos judeus de Israel (BDS) é considerado antissemitismo em diversos países, incluindo Alemanha e Estados Unidos. Este movimento não poderia de forma alguma povoar o ambiente democrático e normativo da Assembleia Legislativa. As narrativas falsas expostas nestes materiais deseducam e criam a cultura do ódio deixando a paz em um horizonte ainda mais longínquo. A solidariedade e o apoio ao pleito de autodeterminação palestina são legítimos. Porém pregar a destruição do Estado de Israel transformando Milhões de judeus israelenses em apátridas ou cidadãos de segunda classe como visto nesta exposição é ilegítimo, sectário e supremacista nos moldes das piores ideologias genocidas do Século XX. É inaceitável que o Parlamento Gaúcho chancele este escárnio difamatório, ofensivo e acima de tudo destrutivo para uma perspectiva de paz. As nações democráticas devem apoiar a normalização das relações entre israelenses e palestinos que propicie uma realidade melhor e mais próspera. O Parlamento Gaúcho é o topo de nossa democracia e não pode se tornar um palco para um espetáculo de difamação e antissemitismo como nesta exposição promovida pelo Deputado Mainardi e demais entidades já nominadas.”
O deputado estadual Luiz Fernando Mainardi, que está em viagem à Espanha enviou uma nota, “A deputada Sofia Cavedon é a responsável pela exposição. Estou em missão no exterior e cedi meu espaço para as comemorações do dia Internacional da luta palestina, que apoio. Não tenho conhecimento do teor da exposição, mas não sou conivente com qualquer tipo de racismo, seja ele anti-semita ou anti-árabe. Sou a favor da paz, do convívio entre dois Estados e contra a ocupação e os assentamentos ilegais na Cisjordânia.”
Após oficiar o Ministério Público nesta segunda-feira, integrantes da Organização Sionista e outras entidades representantes do povo judeu pedirão nesta terça-feira, que a Polícia Civil também abra um inquérito e investigue o crime de ódio e racismo praticado nos cartazes expostos na Assembleia.
*Atualizado às 09h10, para inclusão de informações.