O secretário municipal de Relações Institucionais, Christian Wyse de Lemos, concluiu nesta quinta-feira (12/12) seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara da Capital que investiga denúncias de irregularidades na gestão do prefeito Nelson Marchezan Júnior. Ele abordou a concepção, a implantação e o funcionamento do Banco de Talentos na prefeitura de Porto Alegre, respondendo os questionamentos dos vereadores sobre o assunto.
Sobre seu papel no órgão criado para selecionar os cargos em comissão (CCs) para a atual administração, Lemos disse que trabalhou no diretório estadual do PSDB como secretário executivo de 2015 até 2017, quando encerrou o mandato de Marchezan à frente da sigla. Conforme ele, seu ingresso no governo municipal ocorreu em agosto de 2017, sendo que até a nomeação trabalhou de forma voluntária na concepção e implantação do Banco de Talentos, já que uma de suas atribuições no partido era auxiliar o prefeito a compor seu governo. “Acompanhei toda a montagem do governo desde o período de transição, em novembro e dezembro”, explicou.
Ele destacou que nos primeiros meses foi um dos coordenadores, assim como outros voluntários que desempenharam a função sem ter vínculo efetivo com o Executivo. Lemos frisou que era funcionário do partido e que, até ser nomeado na prefeitura, não recebeu nenhum recurso público por sua atuação junto ao Banco de Talentos.
Questionado sobre doações de empresas privadas ao Banco de Talentos que teriam sido formalizadas à ONG Comunitas ao invés da prefeitura, o secretário disse desconhecer o assunto. Com relação à escolha da entidade, falou que a mesma “trabalha pelo Brasil inteiro com governos de todos os partidos” apoiando as gestões. “Até onde eu sei não existe por parte dos municípios repasses para esta ONG”, afirmou.
O secretário explicou que os primeiros voluntários que começaram a trabalhar no recrutamento ainda no fim de 2016 foram selecionados através de um grupo que pertence à ABRH, “todos profissionais com 20, 30 anos de experiência no mercado”. Já sobre a participação do empresário Michel Costa – que atuou como CC na Procempa e na Carris -, informou que ele também debateu e ajudou na concepção do projeto.
Critérios
Indagado se a filiação partidária de um candidato a emprego é critério determinante para sua escolha ou não no Banco de Talentos, afirmou que é levado em consideração perfil do profissional. “Jamais pode ser contratado para colocar numa secretaria de parcerias estratégicas alguém que conceitualmente é contra parcerias, mas o simples fato de filiação não exclui nem contempla a pessoa para ser selecionada”, afirmou, destacando que há, inclusive, filiados a partido de oposição ocupando cargos de gestão por se enquadrarem no perfil exigido para a vaga. Sobre a decisão de contratação, disse que há um equilíbrio entre as indicações políticas e a qualificação profissional, pois o “candidato deve ter as competências para desempenhar a função”.
Conforme Lemos, sempre que abre uma vaga para CC, é realizada a triagem de cerca de 30 a 50 currículos e selecionados alguns candidatos para entrevista. Desde a implementação do Banco de Talentos, já foram entrevistadas 3.694 pessoas e realizadas 1.622 nomeações. Ele classificou a ferramenta como “um meio para entregar para a sociedade todas as políticas públicas prometidas na campanha”.
De acordo com o secretário, as demissões de CCs também têm como peso a capacidade para a vaga, neste caso avaliada pelos gestores da pasta onde atua cada servidor e, caso solicitado, pelo Banco de Talentos, e ainda a questão política. Especificamente sobre recentes demissões de pessoas indicadas pelo PP, Lemos informou que algumas pessoas não tiveram o desempenho desejado e outras foram desligadas pela decisão política da sigla em “não apoiar mais o governo na base aliada”.
A CPI
Conforme o Regimento da Câmara Municipal, 12 vereadores constituem uma CPI. Por indicação das bancadas, fazem parte desta Comissão: Roberto Robaina (PSol), Adeli Sell (PT), Luciano Marcantônio (PTB), Mauro Pinheiro (Rede), Cláudio Janta (SD), Professor Wambert (PROS), Felipe Camozzato (Novo), Márcio Bins Ely (PDT), João Carlos Nedel (PP), Reginaldo Pujol (DEM), Lourdes Sprenger (MDB) e Moisés Barboza (PSDB). Os trabalhos da Comissão têm prazo de 120 dias, que culminam com a apresentação do relatório. É possível a prorrogação, mediante requerimento, por até 60 dias.