Porto Alegre, quinta, 28 de novembro de 2024
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Porto Alegre: “Escrevo notícias e vendo doces”: da faculdade ao semáforo, a história do jornalista que enfrenta a falta de emprego

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“É difícil trabalhar na sinaleira. A gente está sujeito a muitos riscos, tem exposição à fumaça dos carros, motoqueiros que não nos respeitam… Tem que ter paciência, jogo de cintura. As pessoas não têm empatia.” Uma reclamação recorrente entre milhões de brasileiros que, sem qualificação, recorrem ao trabalho informal nos semáforos. Nenhuma novidade. A curiosidade, no entanto, é que desta vez quem reclama é um jornalista egresso da 7ª melhor faculdade de Comunicação do país, a PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Rodolfo Anselmo Loureiro da Rosa, 33 anos, concluiu o curso em dezembro de 2017 e ainda não conseguiu atuar na área.

Em meio aos 12 milhões de desempregados no país, Anselmo, como prefere ser chamado, enfrenta ainda mais uma dificuldade para se colocar no mercado: a peculiaridade da profissão que escolheu, em crise desde a consolidação das redes sociais digitais e da ascensão das chamadas “fake news” (notícias falsas); alvo constante até do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que nesta segunda-feira, dia 6, afirmou que jornalistas são “uma espécie em extinção”, reiterando seu desprezo pela imprensa em detrimento do que entende ser uma perseguição que sofre em razão de suas convicções ideológicas.

De segunda a sexta, Anselmo dirige-se a uma loja de doces para comprar as mercadorias que pretende vender no dia – torrone, que é o seu “carro-chefe”, e rapadura. Perto das 16 horas, sai de casa, na Vila São Judas Tadeu, bairro Partenon, em Porto Alegre, e ruma a pé até uma esquina das avenidas Salvador França e Ipiranga, onde fica até por volta das 20 horas oferecendo seus doces aos motoristas que encaminham-se ao descanso após um dia de trabalho.

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