Porto Alegre, sábado, 21 de setembro de 2024
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Arminio Fraga: 'Minhas propostas me colocam à esquerda, mas esquerda para valer, não a que dá dinheiro para rico'; por Ligia Guimarães/BBC News Brasil

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O Estado não precisa ser mínimo, a desigualdade social está travando a economia, a mulher é dona do seu próprio corpo. Aos 62 anos, Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, sócio fundador da Gávea Investimentos e um dos mais notórios economistas liberais do país, está de olho nos temas sociais. E diz que, no polarizado espectro político brasileiro, sua posição é de esquerda.

“Para o Brasil, as propostas que eu tenho feito, os estudos que eu tenho desenvolvido, me colocam à esquerda. Mas uma esquerda para valer, não é uma esquerda que fica dando dinheiro para rico”, afirma, em entrevista concedida à BBC News Brasil em seu escritório em São Paulo. “É preciso falar em desigualdade de gênero, de raça, em homofobia, em tudo aquilo que faz a gente viver em um lugar melhor”.

Segundo o homem que comandou o Banco Central durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, não se trata de uma mudança radical de posicionamento. Ele diz que apenas está se dedicando mais à agenda de combate a privilégios que sempre fez parte de seus discursos, como em 2014, quando, coordenando a área econômica da campanha de Aécio Neves pelo PSDB, Fraga criticava o chamado “bolsa empresário”, apelido dado pela oposição a medidas de proteção, subsídio e desoneração voltadas para empresas durante os governos petistas.

“Eu não acredito em um modelo que nem existe mais no mundo, um modelo comunista, com igualdade absoluta, ninguém acredita nisso. Mas o que nós temos aqui é muito, muito fora de qualquer razoabilidade.”

“Hoje em dia ficou muito claro que tem muita coisa que poderia ajudar [a combater] a desigualdade que também ajudaria no crescimento [da economia]’.

Apesar da grande simpatia que tem à agenda econômica comandada pelo colega liberal, o economista e ministro da Economia, Paulo Guedes, Fraga é bastante crítico em relação à postura do governo em outras áreas que nem sempre são percebidas como importantes para a economia, mas que, na visão dele, são.

“Os assuntos que chamam mais atenção e afetam não só os investidores de fora, mas sobretudo nós mesmos, aqui dentro, têm a ver com meio ambiente, têm a ver com questões identitárias em geral, uma postura agressiva, às vezes até estimulando uma certa truculência”.

Definindo-se como um liberal progressista, Fraga, que também é associado fundador do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps), diz que o governo Bolsonaro é mais autoritário que liberal e que, até o momento, o presidente não mostrou qual é o seu projeto de país. Vê, também, em um momento em que cerca de 500 mil pessoas esperam na fila para obter o Bolsa Família, uma “certa falência” do Estado.

Falando sobre o futuro político do Brasil, o economista não descarta participar ativamente da campanha de outro candidato à Presidência no futuro. Derrete-se em elogios ao apresentador Luciano Huck, colega de Fraga no conselho consultivo do movimento Agora, do qual Huck faz parte. “O Luciano é uma pessoa de espírito público, de coração, conhece esse Brasil como poucos.”

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