Os facões, baionetas e cassetetes de madeira brandidos para o alto em invasões de terra já não são mais a marca registrada do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Sem conseguir assentar um único sem-terra nos últimos cinco anos e diante das ameaças de repressão violenta desde o início do governo Bolsonaro, o “exército do Stédile” — como disse uma vez, de forma ameaçadora, o ex-presidente Lula — agora investe em alimentos orgânicos, lojas próprias e um aplicativo, que deverá ser lançado nos próximos dias, para tentar superar o desafio de dar vazão à produção. A guinada ganhou o apoio de celebridades como Bela Gil, apresentadora e culinarista que milita pela alimentação saudável. Foi a forma que o movimento encontrou para arriscar ser competitivo ante o agronegócio convencional.
O primeiro Armazém do Campo, como são chamadas as lojas do MST, foi lançado em 2016, mas o negócio se expandiu rapidamente — hoje são oito unidades espalhadas pelo país, em cidades como São Paulo, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e São Luís. Mistura de mercadinho de bairro, bar e café hipster, criados para vender alimentos produzidos nos assentamentos espalhados pelo Brasil, esses lugares se tornaram ponto de encontro artístico, político e cultural de parte da esquerda. Há lançamentos de livros de alimentação saudável, festas para comemorar o aniversário do ex-presidente Lula e shows. O público, em sua maioria, é formado por barbudos ou descolados, muitos com camisetas de ícones da “resistência” (como Paulo Freire, Mafalda, Belchior e o próprio Lula).
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