Quando invadem uma propriedade privada, o proprietário precisa entrar com uma ação de reintegração de posse. Mesmo ele sendo dono do lugar, a lei brasileira impede que ele, com as próprias mãos, expulse os invasores.
Ainda que possamos arguir que é um ato de legítima defesa reagir contra invasores violentos, a lei aqui é clara e deve ser obedecida, pelo menos por aqueles que têm como obrigação defendê-la.
Fico então me perguntando.
O que faz com que um senador da república, que não tem poder algum para intervir no caso da invasão e ocupação de uma propriedade do governo do seu estado natal, suba num trator de várias toneladas, arremetendo-o contra homens, mulheres e crianças que estão protestando atrás de um portão?
Só pode ser a mentalidade de alguém que se vê acima da lei, como também se vêem acima da lei os grevistas, invasores de propriedade do estado, que por sinal deveriam proteger.
Tem que ser muito prepotente para achar que poderia subir num trator, dirigi-lo contra a massa de policiais com seus familiares que protestava, sem esperar uma reação. É muito despreparo.
À sociedade, que nem tem o poder legislativo, nem o de polícia, resta apenas assistir atônita, escolhendo qual dos lados irá defender ou acusar, sabendo que ambos estão errados.
Esse é o Brasil dos coronéis, dos sindicatos, dos mafiosos que fazem do corporativismo patrimonialista uma instituição nacional.
*Roberto Rachewsky, Empresário
