O general da reserva Maynard Santa Rosa, ex-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, diz que faltam ao presidente “consistência, conhecimento e discernimento estratégico” e que o incômodo dele em relação a ministros competentes advém da insegurança.
1. O presidente Jair Bolsonaro tem sido cobrado para que lidere um plano de combate ao novo coronavírus. O senhor acha que falta liderança?
Falta consistência, conhecimento, discernimento estratégico, isso falta. Agora, ele é uma pessoa idealista, inteligente. É muito intuitivo, mas não vai conseguir dar a guinada que o Brasil precisa. Ele (no governo) está prestando um serviço ao país. Depois vai ter de vir alguém com mais consistência para colocar o barco na rota. O presidente tem uma personalidade um pouco rebelde. Por um lado, pode ser bom. Por outro lado, tem esses inconvenientes. Ele teve o mérito de tirar o PT e ensejar uma mudança de ares no país. Entendo que esse governo, presidido por ele, está numa transição. Ele não tem um projeto.
2. Como o senhor vê a atuação do presidente ante essa crise?
Ele não tinha noção do problema. Agora, já faz um juízo mais adequado da situação e demonstra que tomou uma posição. É importante que ele esteja à frente de tudo, acho que já se recuperou dessa indecisão. Antes, foi uma espécie de imaturidade. Cabia ao presidente apoiar o ministro Luiz Henrique Mandetta e ajudá-lo a reforçar, validar o que ele estava fazendo, e não se contrapor a ele. Como ele (presidente) mostrou ambiguidade, e viu que não deu certo, caiu em si.
3. Ele fica muito incomodado quando um ministro se destaca?
Sim. Demonstra a insegurança do líder. Senti isso. De memória, só me lembro do caso do ministro Sergio Moro. Isso para mim significa insegurança.
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