A pandemia agravou os problemas da União Europeia (UE) e alguns líderes já temem que o coronavírus possa acabar com o bloco. A coesão da UE já havia sido abalada pela crise financeira de 2008, pelo fluxo migratório descontrolado, que se arrasta desde 2015, e pelo Brexit. Agora, a integração bate de frente com o vírus, que criou atritos entre países e fortaleceu autocracias, como na Hungria.
Se os líderes não conseguirem traçar um caminho em comum, o projeto europeu pode estar em risco, como descreveu um de seus arquitetos nesta semana. Nos primeiros dias da pandemia, a resposta de alguns países mostrou que os interesses nacionais ainda superam os ideais europeus.
Primeiro, o fechamento de fronteiras foi realizado de maneira descoordenada. Depois, Alemanha e França proibiram a exportação de equipamentos médicos, como máscaras e respiradores, mesmo quando a Itália mais precisava de ajuda. No vácuo, surgiram Rússia e China para capitalizar a situação. Moscou e Pequim rapidamente ofereceram assistência médica, construindo uma narrativa heroica e dando argumentos aos eurocéticos.
Em meio à crise, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, usou poderes emergenciais para praticamente suspender a democracia, criticando os princípios básicos de um estado de direito. Juntas, todas essas tensões começaram a sobrecarregar a UE.
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