O médico Julio Croda acompanhou de dentro do Ministério da Saúde a escalada da disputa com o presidente Jair Bolsonaro até que, no fim de março, decidiu deixar o governo. “Não quis ser responsável por essa recomendação equivocada contra o isolamento social e por um número importante de óbitos”, afirmou ao Estado o ex-diretor do Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis. Infectologista, professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Croda avalia que a troca de ministro será o desfecho de um enredo de derrota no combate ao coronavírus.
“Se a gente já tinha dificuldade com ministério mais técnico, perdemos essa capacidade (com a troca).” Para ele, o País apresentava bons índices de isolamento, mas a média caiu para abaixo de 50%. Croda aponta como fatores para a queda desses índices o crescimento de discurso anti-isolamento, capitaneado por Bolsonaro, somado à falsa sensação de que “o pior já passou”.
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