Se a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta da Saúde indicava a exaustão de meios políticos do governo Jair Bolsonaro em meio à pandemia do novo coronavírus, a saída de Sergio Moro da Justiça e Segurança Pública enterra de vez a gestão que assumiu o país há exatos 480 dias.
Moro saiu atirando, abrindo na prática o caminho para um pedido de impeachment do seu ex-chefe. Em seu pronunciamento, acusou diretamente Bolsonaro de interferir no combate à corrupção ao exonerar sem sua anuência o diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, prever mudanças em superintendências estaduais do órgão e pedir acesso a relatórios de investigações. Moro apontou “interferência política na Polícia Federal”, rompendo a promessa de autonomia e “carta branca” que lhe havia sido dada ao aceitar o cargo no fim de 2018.
Não é apenas uma acusação que implode uma das fundações do edifício do bolsonarismo: é a insinuação de um crime de responsabilidade que pode embasar, de forma bastante objetiva, um pedido de impeachment contra o ex-chefe. Uma estocada dura em Bolsonaro foi a citação de Moro ao fato de que, quando era o terror do PT e aliados como juiz da Lava Jato, a PF foi mantida sem intereferência, por virtude republicana ou pressão da sociedade. Até uma piscada à esquerda o agora ex-ministro deu.
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