O governador Eduardo Leite, acompanhado de alguns de seus secretários, apresentou, neste sábado (9/5), o modelo de Distanciamento Controlado que passa a valer no Rio Grande do Sul a partir de 0h de segunda-feira (11/5). O Decreto Nº 55.240, que estabelece o modelo, será publicado no domingo (10/5).
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Em transmissão ao vivo pela internet com duração de duas horas, que também incluiu entrevista coletiva de imprensa, Leite e as secretárias Arita Bergmann (Saúde) e Leany Lemos (Planejamento, Orçamento e Gestão), além do procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, explicaram como foi o processo de elaboração do modelo e qual o objetivo do Estado com a medida. O diretor do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag), Pedro Zuanazzi, também participou da transmissão pela internet.
“O coronavírus está aí e permanecerá por mais alguns meses. Teremos de conviver com essa situação, e a imensa maioria da população ainda não entrou em contato com o vírus, ou seja, não tem sistema imunológico preparado para a doença. Se o vírus circular menos, exigirá menos do nosso sistema de saúde e, assim, conseguiremos prestar atendimento a todos que tenham necessidade”, explicou o governador. “O modelo, inovador e inédito no Brasil, que lideramos com muita ciência e análise de dados, permite que o Estado aja no local, no momento e na proporção em que houver demanda”, garantiu Leite.
Baseado na segmentação regional e setorial, o Distanciamento Controlado prevê quatro níveis de restrições, representados por bandeiras nas cores amarela, laranja, vermelha e preta, que irão variar conforme a propagação da doença e a capacidade do sistema de saúde em cada uma das 20 regiões pré-determinadas. A bandeira preta, porém, não estabelece o “lockdown”, quando há proibição de circulação de pessoas, e sim, define restrição máxima às atividades econômicas.
Além de evitar a propagação do coronavírus, diminuindo a intensidade da procura por internações hospitalares, o Distanciamento Controlado prevê a mitigação dos efeitos econômicos da pandemia, uma vez que as restrições de circulação impostas à população trouxeram consequências negativas ao comércio. “Estamos em um momento de grande incerteza. Tentamos entender o processo e construir uma forma de conviver com a epidemia ao mesmo tempo em que lidamos com os efeitos não só na saúde, como também na economia e na nossa vida cotidiana”, ressaltou a secretária Leany Lemos, que liderou o processo de elaboração do modelo.
A equipe técnica do Executivo contou com a participação expressiva da sociedade. Até sexta-feira (8/5) o Estado aceitou sugestões, contribuições e observações de universidades e de entidades que representam os diversos setores. “Um sistema como esse só funciona se for um pacto, se todos estiverem convencidos de que, seguindo essas regras, obedecendo a essas normas, vamos conseguir passar por esse período sem experiências tão trágicas como o que vemos em outros Estados e países”, reforçou Leany Lemos.
O Estado contará, também, com o apoio da população no que diz respeito à fiscalização do cumprimento das regras definidas, como o agora obrigatório uso de máscara em ambientes fechados coletivos, com proximidade de pessoas, como estabelecimentos, portarias de edifícios, transporte coletivo e lojas. “É como a questão do cigarro. Sabe-se que é proibido fumar em ambientes fechados, mas não há como fiscalizar em todos os ambientes. A própria população, porém, atua nesse sentindo, repreendendo quem descumpre essa norma”, pontuou o governador.
Embora o Rio Grande do Sul apresente uma situação menos preocupante quando comparada à de Estados como Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo ou Pernambuco, o governo gaúcho não deixa de estar vigilante. “Damos grande ênfase à prevenção e ao controle da evolução da Covid-19. Nossas equipes conseguiram construir um modelo que, certamente, dará à sociedade um espelho daquilo que vivemos e daquilo que queremos viver no futuro, reunindo a priorização da saúde sem deixar de lado as questões econômicas”, ponderou a secretária Arita Bergmann.
Devido ao acesso intenso ao site que permite consultas específicas sobre cada região – https://distanciamentocontrolado.rs.gov.br – o Estado reforçará a capacidade de acesso.
Volta às aulas da rede privada
No final de abril, o governador Eduardo Leite anunciou que as aulas da rede pública, em escolas estaduais e municipais, permaneceriam suspensas no Estado pelo menos até junho.
Ao longo do mês de maio, serão estabelecidos protocolos para que alunos, professores e servidores retomem as aulas com segurança. Isso pode exigir a compra de materiais ou equipamentos de proteção e reforço de recursos humanos, cujos processos de aquisição e contratação podem levar mais tempo.
Na rede particular, as aulas poderão voltar ainda em maio, caso as escolas consigam cumprir todas as determinações do Estado. A expectativa era de que, quando da apresentação do Distanciamento Controlado, houvesse a definição de regras para o retorno das aulas da rede particular. No entanto, Leite explicou que a discussão dos protocolos para a retomada das atividades da Educação ainda está ocorrendo e que o Estado analisa a questão.
Retomada do futebol
Com a definição das 20 regiões, as atividades dos clubes de futebol poderão funcionar, desde que obedecendo aos protocolos e colocando em prática as restrições determinadas pelas bandeiras vigentes. No entanto, como a retomada dessas atividades envolve a circulação de pessoas, inclusive entre regiões, a decisão sobre a realização de campeonatos, como o Gauchão, dependerá de decisão da Federação Gaúcha de Futebol.
Passo Fundo e Lajeado
No dia 30 de abril, quando o governo do Estado divulgou a divisão em 20 regiões para o Distanciamento Controlado, duas regiões se encaixaram na bandeira vermelha: Passo Fundo e Lajeado.
Durante a semana, o Estado observou a evolução da doença em cada uma das regiões e, neste sábado, a região de Passo Fundo saiu da bandeira vermelha e se encontra, agora, na laranja. A região de Lajeado, no entanto, permanece na bandeira vermelha, a única neste momento.
A movimentação se deu porque, na região de Passo Fundo, a capacidade de resposta hospitalar do Estado permitiu um reforço de 10 leitos e a velocidade do avanço da doença estabilizou.