Porto Alegre, segunda, 16 de setembro de 2024
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Bolsonaro, liberte a saúde brasileira: defenda apenas a hidroxicloroquina, por Luis Augusto Rohde/Veja

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E abandone a crítica ao distanciamento horizontal. A ciência defende como fato científico inequívoco, o “fique em casa”. PERIGO À VISTA - Bolsonaro: o governo pretende sugerir medidas de afrouxamento do isolamento social Daniel Carvalho/Folhapress/.

O tema que me interessa no momento é entender o porquê da insistência no distanciamento social horizontal global no país, traduzido no slogan “fique em casa”, com evolução ao lockdown em algumas capitais.

Friso, já de antemão, que não estou falando de lançar mão da estratégia num momento inicial ou em áreas geográficas restritas, onde uma junção de fatores coloca a saúde pública fora de controle. Nesse contexto, é fundamental reorganizar o sistema de saúde, UTIs, disponibilidade de respiradores e muito mais. Mesmo do ponto de vista mais primitivo, a neurociência tem inúmeros exemplos de como a reação automática inicial a uma ameaça de morte por um predador no mundo animal é a fuga para uma toca protegida. Portanto, nada mais natural do que a humanidade concordar em entocar-se, ameaçada por algo nunca enfrentado e que tem o potencial de morte. Ainda mais quando isso vem com o selo científico de que estamos lançando mão da única estratégia cientificamente comprovada para evitar a propagação do vírus.

Minha dúvida é: não estaríamos no momento de dar um passo a mais e questionar racionalmente qual a melhor estratégia para o país, ou melhor ainda, para as diversas partes dele daqui para frente? Por que a dificuldade de ir adiante e apoiar a saída do “fique em casa” numa ação coordenada pelo governo central e/ou seus equivalentes estaduais e municipais? Por que agredir equipes de pesquisa da UFPEL que querem trazer dados científicos para a discussão?

A resposta óbvia seria: há evidência inequívoca de que essa estratégia é a única eficaz e temos que permanecer nela. Pois é: confesso a minha inaptidão, embora vasculhe todas as bases cientificas. Não consegui, até hoje, encontrar um estudo que compare diferentes estratégias de distanciamento e me mostre de forma convincente, levando em conta um cenário mais abrangente, qual é a melhor. Isso acontece mesmo quando tento me valer da ajuda de colegas epidemiologistas. Para minha surpresa, vejo a ciência brasileira (e vários epidemiologistas com claro comprometimento social) defender como fato científico inequívoco, o “fique em casa.”

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