Porto Alegre, sexta, 20 de setembro de 2024
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Memorabilia: Memórias de um sargento de mulatas; por Márcio Pinheiro*

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Ele era sobrinho de Lamartine Babo, autor de grandes marchinhas e dos hinos dos cinco principais times do Rio – América, Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. E foi com esse pedigree musical que Oswaldo Sargentelli criou um estilo único, tanto como idealizador de espetáculos quanto como comunicador de TV. Trazia também um repertório de palavras inventadas que entraram para o vocabulário brasileiro: telecoteco, balacobaco, borogodó e ziriguidum.

Nascido no Rio em 1924, Sargentelli começou a carreira no rádio em 1948. Nos anos 50, foi um dos pioneiros da TV brasileira, apresentando programas de sucesso como Pingo nos iis, Advogado do Diabo e Em Poucas Palavras. O formato era quase sempre o mesmo. Com sua voz grave, Sargentelli imprimia um tom duro e agressivo às entrevistas que fazia, em off, com personalidades da vida brasileira. O estilo acabou lhe rendendo incomodações e,em 1964, Sargentelli foi proibido pelos militares de apresentar esses programas.

Sem emprego, foi para a noite. Abriu a casa de espetáculos Sambão, em Copacabana, e logo depois a Sucata e a Oba-Oba, nas quais apresentava mulatas sambando e alguns cantores. Com a fama e o sucesso de seu show, Sargentelli voltou a ser convidado para participar de programas televisivos nas décadas de 70 e 80, atuando como apresentador, locutor, entrevistador e jurado.

Em abril de 2002, já afastado da televisão e dos espetáculos com as mulatas,foi convidado para uma participação na novela O Clone, na qual seria recebido por uma de suas ex-mulatas, a atriz Solange Couto. A emoção foi grande, e Sargentelli seria internado com problemas cardíacos logo depois da gravação. Não resistiu e morreu, aos 78 anos.

*Márcio Pinheiro, jornalista, escritor e publisher do AmaJazz