O Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS) indicou recuperação no valor de referência do leite em junho. Segundo dados divulgados nesta terça-feira (23/06), a projeção para o litro considerando os primeiros dez do mês é de R$ 1,3721, 8,63% acima do consolidado de maio (R$ 1,2630). Responsável pelo estudo, o professor da UPF Marco Antônio Montoya informa que a variação percentual reflete a recuperação de parte da queda atípica registrada em função da pandemia de Covid-19. O levantamento também constata que o valor real do litro (descontando a inflação) em junho de 2020 está acima da média histórica para o período.
Montoya explica que a projeção dos primeiros dez dias do mês não espelha exatamente o consolidado, mas indica uma tendência a ser seguida. O presidente do Conseleite, Rodrigo Rizzo, frisa a importância do colegiado, que traz mensalmente dados essenciais para nortear o mercado gaúcho e a relação entre produtores e indústrias. “Trabalhamos com projeções que podem ser confirmadas, ou não, ao final de cada período”.
O vice-presidente do Conseleite e presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, indica que o mercado está incerto, o que vem se refletindo em alta volatilidade nos últimos meses. No entanto, junho vem tendo oscilação menor e uma certa recuperação. “O desempenho do setor lácteo também depende agora da manutenção dos programas sociais do governo e da recuperação da economia”, projeta Guerra. ¬ Um fator positivo verificado em 2020, citou o representante das indústrias, é a redução de importações em função da desvalorização cambial, o que torna os produtos importados (leite em pó) pouco competitivos para internar no Brasil.
O Conseleite vem estudando formas de agregar ao estudo dados relacionados ao custo de produção dos produtores. Uma das possibilidades já encaminhadas é a de utilização de informações compiladas pela Emater a campo. A ideia, explica o presidente Rodrigo Rizzo, é que a instituição de assistência técnica passe a integrar o quadro do Conseleite com cadeira fixa. Atualmente, a Emater participa como convidada e no suporte à Câmara Técnica do colegiado.
O coordenador da Comissão do Leite e Derivados da Farsul, Leonel Fonseca, destaca a importância desse trabalho de levantamento de dados sobre os custos de produção. Ele lembra que além da Emater, Farsul e Fetag também possuem estudos nesse sentido. Para Fonseca, esses levantamentos irão colaborar numa melhor compreensão do funcionamento de toda a cadeia. “As medidas de distanciamento trouxeram novos custos para a indústria. Mas, os produtores tiveram um fator a mais que foi a seca e levará tempo para se recuperar. Os custos aumentaram muito, estamos defasados em relação a isso”, avalia.
O aumento do valor projetado é comemorado juntamente com uma recuperação no consumo, mas, as incertezas em relação ao comportamento futuro do mercado com a pandemia preocupam. “O mercado do leite reagiu. Aumentou consideravelmente. Voltamos aos patamares normais e alguns itens até acima. O grande problema é o amanhã. Estamos vivendo uma grande interrogação. Precisamos aprender a conviver com isso e sobreviver”, avalia Fonseca. “Interessante ressaltar que mesmo com todo o quadro, continuamos produzindo com qualidade”, conclui.