Porto Alegre, quinta, 14 de novembro de 2024
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Porto Alegre: Prefeitos do Brasil e Nova Zelândia dividem experiências de combate à pandemia

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Porto Alegre teve de retomar restrições superadas anteriormente para conter nova onda de contaminação, explicou Marchezan. Jefferson Bernardes/Arquivo PMPA

 

 

O prefeito Nelson Marchezan Júnior, vice-presidente da Saúde da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), conduziu, na noite dessa terça-feira, 23, a 15ª edição da série de encontros virtuais “FNP conectando cidades para enfrentar a Covid-19”. Participaram da troca de experiências a prefeita de Hamilton City (Nova Zelândia), Paula Southgate; o presidente da Associação de Governos Locais da Nova Zelândia (LGNZ), Dave Cull; e a prefeita de Palmas (TO), Cinthia Ribeiro.

De acordo com Marchezan, a Prefeitura de Porto Alegre tomou medidas mais rigorosas para controlar a circulação de pessoas depois que a velocidade de internações em UTIs por Covid-19 deu sinais de que poderia impor um desafio insuportável ao sistema de saúde da Capital.

“Há sinais de que estamos indo para uma segunda onda de contaminações, e por isso estamos retornando a restrições já superadas dentro de um contexto epidemiológico anterior. Junto com a as questões de saúde da população, a desigualdade econômica vai ser, talvez, o maior problema deixado por essa pandemia. Trabalhamos com todas as forças em um programa social, na tentativa de mitigar essa repercussão inevitável trazida por um inimigo invisível e que continua entre nós” – Prefeito Nelson Marchezan Júnior.

Segundo a prefeita Paula, entre as ações de Hamilton City no combate à escalada da pandemia, estiveram o fechamento de fronteiras, o rastreamento de focos de contaminação, a produção de informações e orientações permanentemente atualizadas aos cidadãos e, de forma prioritária, medidas para garantir que as pessoas tivessem o que comer – algum tipo de apoio financeiro e ajuda para tentar salvar empregos.

“Nossa primeira preocupação foi sempre sobre as pessoas. Buscamos, também, facilitar e incentivar negócios a prestarem seus serviços de forma on-line, sem contato e sem nenhuma burocracia da parte do governo local”, relatou. “Temos que empoderar as pessoas para que elas sejam parte da solução, e foi isso o que fizemos. Nosso trabalho foi fazer dessas pessoas um exército capacitado para lidar com a pandemia”, frisou.

Resultados – O presidente da LGNZ, Dave Cull, destacou a diferença dos sistemas de governo da Nova Zelândia e do Brasil, as responsabilidades de cada esfera governamental e os resultados dos diferentes modelos de gestão pública sobre a pandemia nos países.

“Somos uma nação-ilha, não temos fronteiras terrestres, e isso facilita o controle de entradas das pessoas no país. Reagimos bastante cedo com o fechamento das fronteiras para viajantes vindos da China. A principal diferença é que saúde, segurança e bem-estar social, por exemplo, são responsabilidades do governo central, que deu início à estratégia de lockdown no país, enquanto as regiões ficaram com o papel de manter serviços essenciais e rastrear potenciais contatos”, contou Cull. “Teremos, por muito tempo, uma necessidade de apoio social, pois muita gente está sem emprego e as empresas estão extremamente estressadas e fragilizadas.”

Ele disse que a estratégia de isolar, testar e rastrear possíveis casos, recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), foi direcionada pelo governo central e implementada pelos governos locais (municipais). Com um período inicial de isolamento rígido para frear a disseminação do contágio, a Nova Zelândia registra, até o momento, 22 mortes por Covid-19 e tem menos de dez casos ativos da doença, notificados depois de quase um mês sem novas contaminações.

Reabertura econômica – A prefeita de Palmas, Cinthia Ribeiro, avaliou que as medidas de isolamento social implementadas inicialmente pela capital do Tocantins, por quase 60 dias, resultaram na reabertura econômica possível para o momento atual.

“Foram bastante restritivas, mas, em contrapartida, conseguimos o que de fato era orientado pela OMS. Se as pessoas não circulam, o vírus não circula”, frisou.

Ela destacou, ainda, o foco no atendimento às necessidades da população, também buscando entender os próximos passos e a progressão da pandemia. “Caminhamos para a segunda semana de flexibilização. Acreditamos que o comportamento das pessoas seja responsável pela efetividade do trabalho dos gestores em relação àquilo que é primordial: a defesa da vida. É essencial os líderes se posicionarem em defesa da vida.”

A convite da FNP, 14 países já apresentaram suas experiências na rodada de debates on-line, aberta ao público. Os vídeos estão disponíveis no Facebook Watch da FNP.