Interrupções, piadas jocosas, ofensas, ameaças, críticas dirigidas à aparência, mensagens pornográficas, campanhas de difamação pela internet com sexualização da imagem… Essas são algumas das manifestações dirigidas a mulheres que conquistam representação na política, o que faz desse um dos espaços mais violentos contra vozes que se levantam pela igualdade de gênero. O relato é da astrofísica, cientista política e deputada federal Tábata Amaral (PDT-SP). “Quantas vezes fui interrompida na Câmara? Quantas vezes disseram que não tinha capacidade, que eu era burra, que não deveria estar ali? Quantas vezes já insinuaram que eu era teleguiada por um homem, que eu não tinha capacidade para tomar as minhas decisões? O próprio presidente da República e os seus apoiadores já publicaram vídeos sexualizando imagens minhas. Essa violência toda não para por aí”, afirma a parlamentar, considerando que também dentro dos partidos grassa a discriminação.
“O machismo não é monopólio nem da esquerda nem da direita, infelizmente está por todo lado”, observa a Tábata, que acaba de lançar o livro Nosso lugar: O caminho que me levou à luta por mais mulheres na política (Companhia das Letras). Desde a infância pobre na periferia de São Paulo até a Universidade Harvard, a campanha eleitoral de 2018 para a Câmara dos Deputados – em que conquistou 264 mil votos, apesar de desacreditada dentro de seu próprio partido – são passagens abordadas no livro. Em entrevista ao Estado de Minas, a deputada fala sobre participação feminina na vida pública e outros assuntos, como a recente aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
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