O governo quer permitir que empresas doem recursos a famílias carentes no âmbito do programa Renda Brasil, que substituirá o Bolsa Família e será a marca social da gestão Jair Bolsonaro. A ideia do Ministério da Cidadania é dar às companhias que aderirem à iniciativa o chamado “Selo Cidadania” como reconhecimento – não haveria incentivo financeiro ou subsídio. A proposta consta em um documento enviado pela Cidadania ao Ministério da Economia em 13 de agosto e foi confirmada pela reportagem com fontes que participam das discussões.
“No eixo de envolvimento do setor privado, o programa busca o apoio de particulares e empresas que possam ajudar os brasileiros em situação de vulnerabilidade para que alcancem a verdadeira cidadania”, diz o documento obtido pelo Estadão/Broadcast.
Segundo apurou a reportagem, a ideia é usar inteligência artificial para permitir que a empresa escolha doar para famílias de determinado perfil ou localidade, mas sem revelar dados pessoais dos beneficiados. A proposta é justamente mencionada em documento da área de Tecnologia da Informação (TI) da pasta para ilustrar os projetos do setor.
No passado, o governo Luiz Inácio Lula da Silva tentou apostar na doação de empresas para lançar o programa Fome Zero, que tinha como slogan “O Brasil que come ajudando o Brasil que tem fome”. A iniciativa, porém, não deu resultados concretos e foi criticada inclusive pelo Banco Mundial, um dos principais organismos multilaterais que mantém um olhar para as questões de pobreza e desigualdade.