Porto Alegre, segunda, 30 de setembro de 2024
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Vanessa da Mata, artesã das cores e palavras! Cantora se revela artista plástica, escreve músicas e projeta novo livro durante pandemia em meio a shows em palcos nacionais e preparativos de uma turnê europeia

Detalhes Notícia

 

Em 2020, a exemplo de outros grandes artistas, ela também entrou na onda das lives, essa foi a parte visível do que fez a cantora e compositora Vanessa de Mata, 44 anos, no período de recolhimento em função da pandemia. O que pouca gente sabe é que ela se refugiou no colo da mãe em Alto Garças, no Mato Grosso. Ali onde nasceu respirou com os filhos e a família os “ares da infância”, criou novos projetos,  liberou a artista plástica que vive em algum canto da mente sempre ansiosa por novidades e preparou o retorno aos palcos pós-Covid.  E a volta foi exuberante, vestida de vermelho ela agitou o público do Festival Cortinas Abertas, Teatro Santander, em São Paulo.

Vanessa é carismática e intensa em qualquer lugar e isso ficou claro na entrevista que concedeu ao Especial Band News, onde revelou detalhes de seus projetos pessoais e também falou do cotidiano durante o isolamento provocado pelo Coronavírus. Artesã que produtos arte colocando palavras em letras e livros ou cores em quadros, algo que nasceu espontanêamente como ela nos contou. “Passei a pandemia no Mato Grosso com a minha mãe, voltamos a um convívio que não tínhamos desde a infância. Essa coisa do interior, poder desfrutar de todo o tempo no mundo, nos falta na cidade grande. É um privilégio enorme. Para a catarse do artista foi incrível”, revelou uma Vanessa insone. Durante a entrevista, ela confidenciou que havia passado a noite em claro, pintando os seus primeiros quadros. Na pandemia emergiu a artista plástica.

“A composição vem de uma atividade muito solitária, então eu já conhecia esse caminho da escrita e agora estou me aventurando nas artes plásticas”, afirmou a cantora, que em 2014 lançou o seu romance de estreia pela Companhia das Letras. “A filha das flores” narra a história de Giza, menina que vive numa cidade de interior com a família, cultiva e vende flores. A protagonista habita um universo semelhante à infância da artista em Alto Garças, cidade do Mato Grosso onde nasceu em 1976. A obra tem a ver com o sofrimento da cantora quando criança. Poucos sabem, mas ela perdeu um rim, teve toxoplasmose, febre reumática e cólicas renais. Para fugir da depressão, revelou à época do lançamento, costumava ler e desde então passou a existir a “semente” da escritora em seu âmago. Durante a entrevista ao Band News TV, Vanessa declarou que está pensando no novo livro ficcional, mas não adiantou nada sobre o enredo.

Ao falar da sua descoberta nas artes plásticas, explicou que sempre havia desenhado, mas pintar com tintas era a primeira vez e os quadros de estreia são enormes, em média 1m,80cm por 1m20cm. “É essa necessidade que o artista tem de se expressar em várias formas”, resumiu. A pandemia afetou Vanessa para além da produção artística. Ela perdeu um amigo, o filho teve Covid e sua mãe também perdeu duas pessoas próximas.

Segundo ela, é gratificante a sensação de voltar ao contato direto com o público. “O medo do artista sempre foi fazer um show para ninguém, e essa é a sensação das lives, parecido com a gravação de discos em estúdio, uma coisa bem mais fria do que os shows”. Ela compara essa angústia, não saber se o espetáculo será bem recebido e terá casa cheia, a uma festa de aniversário em que o anfitrião espera, sem a certeza de que os convidados virão (em função das restrições nos protocolos de segurança, o Teatro Santander optou por reabrir com 50% da capacidade).

O show atual é novo, vem do disco mais recente, “Quando deixamos nossos beijos na esquina”.  “O disco mais recente é inteiro com onze faixas interligadas, cada música conta a história de uma personagem impactada por um beijo que aconteceu na esquina de um lugar onde as pessoas não se beijam mais, casualmente igual à pandemia”, destacou uma Vanessa espiritualizada e transcendente que gosta de falar em natureza como a “sinfonia deixada por Deus”. Apesar de possuir novas músicas no repertório, elas não foram apresentadas no espetáculo que teve cenários e figurinos, toda a estrutura de palco e bastidor comum em eventos anteriores à pandemia.

A cantora de renome internacional, cujos padrinhos foram Betânia e Chico César, já está com shows agendados em várias cidades brasileiras e prepara uma turnê internacional com shows já previstos na Alemanha, Itália e Inglaterra. Ao mencionar as referências musicais que a formaram, não deixa de lado a tradição caipira das duplas famosas como Pena Branca e Xavantinho, entre outros. O Mato Grosso é referência formadora em seu ouvido musical, ela escutou muita música regional na juventude e ainda hoje visita obras gênero. “Eu me emocionava mesmo ouvindo Milton, Clara Nunes, Bethania e Elis Regina. Desde sempre foram meus ídolos”. Cantora, compositora, escritora, artista plástica, mãe, filha… ao contrário do que canta em Longe Demais uma das suas tantas parcerias, o amanhã para Vanessa é cheio de planos, nunca longe demais e em um dia muito distante de 2020 alguém dirá que ela tem a eternidade.

 

Clique aqui e veja a entrevista de Vanessa da Mata ao Especial BandNews TV