Em 1997, o gaúcho Clovis Danubio de Azevedo foi designado pela construtora brasileira Odebrecht, da qual era funcionário, para coordenar a construção de uma ferrovia na Colômbia. Mal havia chegado ao país, foi sequestrado por guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que tentava, tal qual as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), derrubar o governo do presidente Ernesto Semper. Durante seis meses, foi mantido em cativeiro, vivendo na selva sob condições de extrema precariedade, dormindo em redes ou no chão e comendo sobras. Eventualmente, os paramilitares lhe demonstravam alguma compaixão, dividindo com ele seu alimento, feito ora com caça, ora com animais roubados ou doados – por medo ou simpatia – por pequenos criadores com quem cruzavam em sua jornada errante.
Através da transcrição literal dos diários escritos na selva, muitos deles mostrados no avançar das páginas, junto com diversas fotos da época, o livro transmite toda a angústia e incerteza vividas por Danubio diante da morte sempre à espreita, no período em que esteve sob a mira permanente de fuzis e metralhadoras, quase sempre nas mãos de adolescentes retirados do convívio de suas famílias. Nas 164 páginas, também revela as relações promíscuas da Odebrecht com a guerrilha.
Com 164 páginas, a publicação da Farol 3 Editores é estruturada com base nos diários do autor e os textos que costuram a narrativa são de autoria do escritor e jornalista Caco Belmonte, a quem Danubio concedeu longos e emocionados depoimentos durante vários meses, desde 2019, quando a produção do livro foi iniciada. Pode ser adquirido no endereço https://farol3.com.br, ao preço de R$ 45,00.
Trecho da obra:
“Os colombianos, no momento em que este livro começou a ser escrito, viviam um período de alívio na violência causada pelas guerrilhas, após meio século de conflitos internos que resultaram em oito milhões de vítimas. Os desentendimentos pareciam registros para abordar em livros de história ou teses acadêmicas, mas o país reviveu, nos primeiros meses de 2020, a tensão provocada por manifestações de rua, convocadas pelo Exército de Libertação Nacional, o ELN, que possui alguns milhares de adeptos declarados e armados numa centena de cidades.
Embora relevante no contexto da insurgência, esse grupo, de menor poderio e alcance do que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), foi responsável pelo sequestro de Clovis Danubio de Azevedo em 1997”.
