Porto Alegre, sexta, 04 de outubro de 2024
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Los Negros: Os afrodescendentes da Argentina lutam por visibilidade; Revista Piauí

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Laura Omega e Federico Pita – Intervenção de Paula Cardoso sobre fotos de Agência Brasil e internet

 

 

A cantora Laura Omega tem um acentuado sotaque portenho e descende de famílias argentinas muito antigas, tanto por parte de mãe como de pai. Quando alguém a ouve cantar no rádio ou em alguma plataforma de áudio não duvida das suas origens: é uma autêntica cidadã de Buenos Aires. Nos shows ao vivo, porém, sempre aparecem espectadores curiosos por saber de que país ela veio. Para eles, Omega poderia tranquilamente passar por uma argentina – não fosse a cor de sua pele.

“Não adianta eu dizer que nasci e cresci em Buenos Aires e que minha família chegou aqui antes da independência. Ninguém acredita”, afirma a cantora. “Invariavelmente me perguntam se algum dos meus pais ou avós é do Brasil ou da Colômbia. A minha aparência não combina com a percepção que o mundo e os próprios argentinos têm da Argentina.”

Com 42 anos, pele negra, lábios fartos e cabelos longos e encaracolados, que ela às vezes pinta de violeta, Omega é para muitos argentinos a encarnação de um velho estereótipo preconceituoso: a mulata brasileira. O jeito exuberante, o seu gosto pelos ritmos pulsantes e a alegria da cantora completam a imagem de estrangeira para os argentinos. “Não se trata de racismo. É pior”, diz Omega. “Como partimos do princípio de que não há negros na Argentina, só posso ser estrangeira, por ser negra. Sou uma estrangeira em meu próprio país.”

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