A pandemia não acabou. Embora o Rio Grande do Sul tenha apresentado queda nas internações hospitalares por coronavírus, o governador Eduardo Leite, ao atualizar as informações sobre o enfrentamento à pandemia, em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta-feira (28/1), reforçou o pedido para que a população gaúcha siga tomando as medidas de prevenção.
“O RS está observando uma redução nas internações por coronavírus, o que é um bom fato a ser compartilhado, mas também é importante compartilhar que, se diminuímos de 3,2 mil para 2,3 mil pacientes suspeitos ou confirmados com Covid em leitos clínicos e de UTI nos hospitais – que é uma redução expressiva de 900 casos e é positiva –, 2,3 mil ainda é um patamar alto. São pelo menos 500 a mais do que tínhamos em outubro e está mais ou menos no patamar do inverno do ano passado”, destacou Leite.
Mesmo com o início da vacinação no RS, as 511,2 mil doses repassadas pelo Ministério da Saúde até agora são suficientes para imunizar apenas uma pequena parcela da população. O governador voltou a garantir que o Estado fará a aquisição direta de vacinas caso seja necessário, mas que confia no Plano Nacional de Imunizações. Ainda assim, lembrou que as doses levam tempo para fazer efeito.
“A trajetória de redução de casos e internações no Estado só vai ser alcançada com colaboração de todos, ajudando no distanciamento social, uso de máscara, higienização constante e evitando aglomerações. A vacinação será fundamental, mas levará tempo até que atinja um percentual da população capaz de gerar imunização. Portanto, o vírus seguirá circulando e os cuidados precisam permanecer, para garantirmos com o comportamento da população o melhor antídoto”, afirmou Leite.
Aproveitando o alerta, o governador falou sobre as próximas datas festivas: o Dia de Nossa Senhora dos Navegantes e de Iemanjá – celebrado em 2 de fevereiro e que é feriado na capital e em outros municípios gaúchos – e o Carnaval – que neste ano será em 16 de fevereiro, quando deverá ser mantido o ponto facultativo por parte do governo gaúcho.
“Nós respeitamos as manifestações religiosas individuais, mas, na medida em que geram aglomeração, se tornam um problema sanitário e, consequentemente, na falta de cuidado, um problema coletivo. Por isso, o Estado vai deixar claras as determinações e repassar as orientações às prefeituras no sentido de coibir aglomerações”, pontuou Leite.
De acordo com a secretária da Saúde, Arita Bergmann, as medidas tomadas pelo governo em dezembro, ampliando as restrições por duas semanas, surtiram efeito para conter o avanço do vírus. Com isso, se reduziu a possibilidade de saturar a estrutura de saúde após as festas de final de ano.
“Em janeiro, estamos observando queda nos indicadores, mas ainda são dados elevados, se comparados com os do meio do ano passado. O Rio Grande do Sul está numa situação, de certa forma, em equilíbrio, mas a preocupação é permanente. O mapa do modelo de Distanciamento Controlado tem mostrado, nas últimas semanas, a maioria das regiões em vermelho, ou seja, estamos em risco alto. A população tem papel importante para evitar que o vírus continue se multiplicando de forma acelerada”, destacou Arita.
Conforme a secretária, o trabalho de reativação de leitos de UTI iniciado no final do ano passado diante do aumento de casos e internações, além de uma nova ampliação de leitos em janeiro deste ano, garantiu capacidade hospitalar suficiente.
“Em dezembro, chegamos a ter menos 400 leitos livres e isso nos deixou em estado de alerta. Então, fizemos todo um movimento para reativar leitos e abrir novos. Mesmo com um leve declínio na taxa de ocupação, continuamos investindo na abertura de leitos, para que a população, havendo necessidade, tenha acesso a essas estrutura”, afirmou Arita. A secretária acrescentou que o governo está trabalhando com o Ministério da Saúde para renovar a habilitação de leitos que estão em operação e cujo prazo de custeio da maioria terminaria em março.
O Rio Grande do Sul tinha 933 leitos de UTI Adulto SUS antes da pandemia e, atualmente, já criou mais 1.045, alcançando um total de 2.018 leitos habilitados – expansão de 116%. Além disso, o Estado conta com mais de 5 mil leitos clínicos para pacientes com menor gravidade. Com isso, a taxa de ocupação dos clínicos está em cerca de 22%, o que permitiu ao governo, com a colaboração de hospitais públicos e privados e prefeituras, receber pacientes de Rondônia, que ocupam apenas leitos clínicos.
Novas etapas da pesquisa de prevalência
Ainda durante a transmissão, o governador anunciou que a pesquisa Epicovid-19, que busca estimar o número de pessoas que já contraíram coronavírus no Estado, terá mais duas etapas. A próxima ocorrerá de 5 a 8 de fevereiro e a seguinte, em abril.
A nova fase contará com um novo método de teste de anticorpos desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que permite detectar casos mais antigos e será usado ao lado dos testes rápidos já utilizados nas fases anteriores do projeto.
O Epicovid-19 é coordenado pela Universidade Federal de pelotas (UFPel), em parceria com o governo do Estado, e conta com financiamento do programa Todos pela Saúde, do Banrisul, do Instituto Serrapilheira, da Unimed Porto Alegre e do Instituto Cultural Floresta. A pesquisa mobiliza uma rede de 12 universidades públicas e privadas do Estado.
“É um movimento muito importante, porque subsidia as decisões do governo a partir dos dados coletados na pesquisa. Ou seja, os resultados poderão nos ajudar a definir, junto com outros dados, as ações de enfrentamento à pandemia”, destacou o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia e coordenador dos comitês de Dados e Científico, Luís Lamb.