Porto Alegre, quarta, 27 de novembro de 2024
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Testagem e vacina para os educadores; por Luciana Genro/ZH

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Luciana Genro Foto: André Lisbôa/ ALRS

 

 

Com o início de mais um ano letivo, muito tem se falado sobre o tipo de volta às aulas adequado para a situação que vivemos. As posições oscilam entre a defesa do retorno presencial, a busca pelo ensino remoto ou a construção de um modelo híbrido.

Após quase um ano de pandemia, é indiscutível que os efeitos de se manter as crianças longe dos espaços físicos e de convivência das escolas e confinadas em casa são pesados demais para qualquer família. Ao mesmo tempo, as mais de 230 mil vítimas do coronavírus que o país já enterrou – e segue enterrando em ritmo de mil por dia – são uma lembrança macabra de que, em uma pandemia que se espalha pelo contato físico, a prioridade de toda a sociedade deveria ser proteger a vida.

A experiência com o ensino remoto em 2020 expôs o fosso existente entre a escola particular e a rede pública. Muitos professores e alunos não possuem condições básicas de aprendizado à distância, por não terem recursos para adquirir equipamentos de qualidade. E não se trata de um problema simplesmente técnico. Como garantir o aprendizado de um aluno que vive em uma casa de um ou dois cômodos com toda a sua família, por exemplo?

Se o ensino remoto apresenta dificuldades, no chão da escola a situação é ainda mais dramática. Um estudo recente do Dieese mostrou que mais de 300 escolas estaduais gaúchas não possuem sequer banheiro próprio e somente 26,2% fornecem água potável. Como falar em ensino presencial com segurança nestas condições?

No centro deste debate está a campanha de vacinação em curso, que ocorre a passos lentos, emperrada pela criminosa política negacionista de Bolsonaro. Se a educação é, de fato, uma prioridade, por que não estamos testando e imunizando professores e funcionários de escolas? É preciso exigir que os trabalhadores em educação recebam a vacina rapidamente. Além disso, uma política de testagem em massa nas escolas também diminuiria os riscos. Essas deveriam ser as condições mínimas para se falar em retorno presencial às aulas.

Artigo de Luciana Genro, originalmente publicado no jornal Zero Hora em 19/02/21