Milhares de moradores de Paris lotaram as estações de trem nesta sexta-feira (19) para fugir da capital, poucas horas antes da entrada em vigor de novas restrições para conter a terceira onda da epidemia de Covid-19. Os bilhetes de trem para localidades do litoral oeste, região menos afetada pela circulação do vírus, esgotaram em poucas horas. Isso é preocupante, porque esses cidadãos podem estar levando o vírus para áreas que ainda estão fora da terceira onda.
O governo francês evita usar a palavra “confinamento”, termo mais utilizado no país do que “lockdown”, para definir este novo cerco contra o coronavírus. Ontem, ao anunciar as novas medidas, o primeiro-ministro Jean Castex disse que o fechamento do comércio em 16 áreas do território, incluindo a região parisiense, tem o objetivo de “frear as contaminações sem fechar as pessoas em casa”. Apenas a venda de alimentos e artigos de primeira necessidade estará autorizada. Escolas, livrarias e salões de beleza ficarão abertos.
As medidas foram recebidas com um misto de alívio, resignação e desconfiança. Nas áreas comprometidas por uma forte circulação do vírus, será possível ficar na rua durante o dia sem limite de tempo, de 6h às 19h, desde que seja num raio de 10 quilômetros do local de residência. Com o início da primavera, e já se viu isso antes, numa cidade densa como Paris, é fácil as pessoas se aglomarem em parques, jardins e na beira do Sena. As autoridades têm consciência desse risco, mas ainda consideram preferível que as pessoas passem mais tempo ao ar livre do que dentro de casa, principalmente para evitar mais danos à saúde mental. A chegada da terceira onda deu uma frustrante sensação de retorno à estaca zero.
Teoricamente, a chance de contaminação ao ar livre é bem menor do que dentro de locais fechados. Mas o sucesso dessa estratégia depende muito do comportamento preventivo de cada um e de uma forte aceleração da vacinação, que continua prejudicada por falta de doses.
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