O último painel da noite do Fórum da Liberdade 2021 teve como tema “Vai tudo virar fintech?”. Com palestras de Guilherme Benchimol, Marcos Boschetti e Sergio Furio e mediação do diretor de Relações Institucionais do IEE, Eduardo Afonso, e da diretora financeira, Laura Cimenti, o encontro abordou o fenômeno das fintechs – startups ou empresas que desenvolvem produtos financeiros digitais, menos burocráticos, mais intuitivos e com custos baixos ou, até mesmo, sem custos.
Sergio Furio é o fundador e CEO da Creditas, a principal plataforma de crédito com garantia no Brasil. Para ele, o aumento de fintechs diz respeito a um movimento atual, que coloca o cliente mais no centro das preocupações das empresas do que nunca. Em uma realidade na qual o cliente usa aplicativos e está sempre interagindo nas redes sociais, a adaptação do empreendedor a isto se torna uma necessidade.
– O cliente não quer vir falar conosco, entrar em agências ou mesmo acessar o aplicativo. Ele quer que o problema seja resolvido sem falar com ninguém. Com essa filosofia, partimos de ser uma fintech para buscar a direção do cliente. O foco é ficar perto dos clientes, oferecer cada vez mais coisas para ele. O mundo caminha para uma integração forte entre diferentes players, que permitam que a gente atenda de forma conjunta os clientes – alerta Furio.
O CEO e fundador da Nelogica – fintech voltada ao desenvolvimento de softwares de negociação eletrônica e outras tecnologias para o mercado financeiro -, Marcos Boschetti concorda com Furio no que se refere à junção de tecnologias com o fim de atender melhor o cliente. O empresário ressalta que a extinção de um negócio, hoje em dia, pode ocorrer de forma muito rápida, e que é fundamental, ao se pensar nos produtos a serem oferecidos, que se foque no que faz sentido na jornada daquele cliente.
– Cada mercado tem uma jornada. Se eu tenho um e-commerce, meu cliente terá uma jornada, desde entrar no site até receber o produto. No mercado financeiro não é diferente. O que faz sentido é justamente o que você entrega até o fim da jornada. Faz sentido oferecer determinado produto dentro da jornada do meu cliente? Essa é a resposta que cada um tem que responder – explica Boschetti.
Há 20 anos à frente da XP Investimentos, Guilherme Benchimol contou um pouco de sua história: iniciou a empresa com um investimento próprio de R$ 10 mil, que passou a crescer a partir de uma fórmula na qual eram oferecidos cursos sobre investimentos em ações, cujos alunos se interessavam pelo assunto e se tornavam clientes. Entre 2010 e 2020, passou de R$ 1 bilhão a R$ 700 bilhões de ativos. Segundo o empreendedor, esta é a prova de que há uma grande oportunidade de crescimento no Brasil.
– Se eu fosse um extraterrestre e quisesse investir em algum lugar, eu investiria tudo no Brasil, porque no Brasil falta tudo. Nos Estados Unidos, você tem menos burocracia, mas a competição é muito grande. O mais importante é o Brasil fazer seu dever de casa, equilibrar as contas públicas e o resto irá acontecer como consequência – pontua Benchimol.