O temor de enfrentar turbulências causadas pelo caos fiscal e pela pandemia de Covid-19 no Tribunal de Contas da União (TCU) tem feito com que o governo acelere articulações para tentar aumentar sua influência sobre o órgão. A estratégia, já utilizada em outros governos, é indicar ou influenciar a maior quantidade possível de ministros para evitar o destino da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que, em 2016, viu a Corte ser um dos principais atores do seu impeachment. Há estratégias de curto e médio prazo. O presidente Jair Bolsonaro convidou ministros do tribunal para um café da manhã na próxima terça-feira no Planalto. Além disso, o governo está disposto a oferecer uma embaixada a um dos ministros para poder indicar o substituto e mudar a correlação de forças no TCU.
Assim como o Congresso que acumula pedidos de impeachment na Câmara e a abertura da CPI da Covid no Senado, o TCU tem procedimentos em curso que ameaçam Bolsonaro. Além de emitir alertas sobre riscos de uma possível “pedalada fiscal” , o tribunal está fazendo uma análise profunda sobre a atuação da União no enfrentamento à epidemia de Covid-19. Os relatórios divulgados até agora são considerados “destruidores” e apontam para omissões e erros cometidos, principalmente, na gestão do agora ex-ministro Eduardo Pazuello. A tensão aumentou depois da criação da CPI, que será relatada pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ele já sinalizou que as investigações poderão seguir o roteiro desenhado pelos relatórios do TCU.
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