Referência em aliar tecnologia à educação, o Serviço Social da Indústria (Sesi-RS) realizou, na última sexta-feira (7) e no sábado (8), dois eventos simultâneos, transmitidos ao vivo pelo YouTube: a etapa estadual do Torneio de Robótica First Lego League e a primeira edição do Sesi-RS – Educar para Conectar. O primeiro reuniu 21 equipes de estudantes com idades entre nove e 16 anos de escolas públicas e privadas. Já o segundo convidou especialistas para debater os avanços tecnológicos e sua importância nas práticas educacionais.
Apesar das restrições da pandemia, tanto a competição, como os painéis promovidos pelo Sesi-RS, foram considerados um sucesso de participação e engajamento. As transmissões registraram mais de 1,7 mil visualizações na plataforma. Os grandes vencedores do Torneio de Robótica First Lego League, na categoria Champion’s Award, foram as equipes: Big Family (1º lugar), equipe de garagem (sem vinculação escolar), de Campo Bom; Lobóticos / IFRS (2º lugar), da Escola Municipal Heitor Villa Lobos, e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (campus Restinga), de Porto Alegre; e Tecnoway (3º lugar), da Rede Caminho do Saber, de Caxias do Sul. As três estão classificadas para a etapa nacional do torneio, prevista para o dia 26 de junho. O time The Ducks, da Escola de Ensino Médio Sesi, de Sapucaia do Sul, também foi selecionado para a próxima fase. “Essa temporada não foi fácil. Tivemos muitas dificuldades por ser nosso primeiro ano como equipe de garagem, mas o trabalho, a dedicação de cada um e amor pela robótica fizeram com que a equipe chegasse até aqui”, comemora Evandro Gonçalves, técnico da equipe Big Family, vencedora do Champion’s Award.
Além dos prêmios principais, as 21 equipes inscritas concorreram nas categorias Projeto de Inovação, Core Values, Design do Robô, Desafio do Robô e Técnico Destaque (veja a lista completa ao final do texto). O superintendente do Sesi-RS, Juliano Colombo, salienta que a competição estimula os estudantes a aprender cada vez mais sobre o mundo da tecnologia, aliando este aprendizado aos desafios do cotidiano. “O Torneio de Robótica desafia os jovens e as crianças a resolverem problemas do mundo real. É uma forma de aprender mais sobre ciência, brincando e se divertindo. Nossa intenção é estimular a pesquisa e o conhecimento, a fim de criar habilidades para solucionar questões do nosso dia a dia”, afirma.
Para a gerente de educação do Sesi-RS, Sônia Bier, os participantes superaram as barreiras do formato on-line e encurtaram as distâncias entre si para promover conhecimento e experiências marcantes. “Construímos um evento que conectou vários segmentos escolares. O formato on-line nos faz refletir sobre como devemos aproximar as pessoas da forma mais essencial. Toda essa organização demonstrou que a barreira entre o on-line e o presencial pode ser superada facilmente”, analisa a gerente do Sesi-RS.
A computação como direito fundamental dos estudantes
Um dos convidados da primeira edição do Sesi RS – Educar para Conectar, que aconteceu em paralelo ao torneio, foi André Raabe, doutor em Informática na Educação (UFRGS), pós-doutor pela Universidade de Stanford (EUA) e coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica na Educação (LITE) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Em sua apresentação no painel “Pensamento computacional – Aproximação da computação, educação e mundo do trabalho”, Raabe ressaltou a importância da robótica para as carreiras.
“Muitas profissões já dependem do conhecimento da computação. Por exemplo, Direito, Urbanismo, Farmácia, Medicina, entre tantas outras. E hoje temos à disposição uma abundância de ferramentas e materiais que facilitam a aprendizagem e que são de baixo custo. Métodos possíveis, desde que haja professores capacitados. Levar a computação para a educação básica é uma questão de justiça social e educacional. É um direito dos nossos estudantes”, ressalta André.
Ao mesmo tempo em que oferece infinitas possibilidades e oportunidades, o mundo digital também pode apresentar riscos. Raquel Franzin, coordenadora da área de educação do Instituto Alana, uma organização sem fins lucrativos criada em 1994, reforça que a relação de crianças e adolescentes com as tecnologias deve ser sempre moderada pelas escolas e pela família. “Podemos comparar o universo digital com a descoberta do fogo, que revolucionou a humanidade. Não é benéfico, nem maléfico em si. Depende da relação que se estabelece. Precisa ser dominado para não causar danos”, afirma Raquel, que apresentou o painel “O Mundo Digital e as Relações com as Crianças e Adolescentes”. “O benefício depende sobretudo da mediação das famílias e das escolas. Se deixarmos as crianças sem acompanhamento ou orientação, elas tendem a fazer um uso problemático da tecnologia. Então, essa relação entre as partes é mais potente quando a intencionalidade pedagógica está posta. É preciso usá-la como recurso educacional com limitações. Precisamos encontrar um equilíbrio entre o off-line e o on-line, por mais que estejamos num mundo cada vez mais híbrido”, acrescenta Raquel.