O governo do Rio Grande do Sul concluiu, nesta segunda-feira (10/5), a transição da área de 46 hectares do Estado à Granol, em Cachoeira do Sul, aguardada há 15 anos. Como resultado, a empresa, uma das maiores companhias do setor de biodiesel do Brasil, retomou de forma plena as atividades industriais, que estavam reduzidas desde 2018.
Em ato restrito e com rigorosos protocolos sanitários, o governador Eduardo Leite, junto de secretários e lideranças regionais, fez a entrega oficial da escritura de terras subsidiadas, permitida devido à concessão de incentivo financeiro via Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial (Proedi).
“Estamos celebrando a entrega de uma escritura com 15 anos de atraso. É muito tempo. É por isso que está na Assembleia Legislativa um projeto de lei do nosso governo para reforma do programa estadual de distritos industriais, com o objetivo de desburocratizar todo esse processo para as áreas industriais do Estado serem mais rapidamente entregues, com menor burocracia, para gerarmos o desenvolvimento que esperamos delas”, destacou o governador.
Os investimentos da Granol na área, em Cachoeira do Sul, somam cerca de R$ 450 milhões. Com a retomada plena das atividades, em março, a empresa ampliou o quadro de funcionários em 68%, chegando hoje a 345 colaboradores. A capacidade de produção diária no município é de 2 mil toneladas de soja, além de 933 metros cúbicos de biodiesel e de 100 toneladas de glicerina bidestilada grau fármaco.
“Hoje é um dia emblemático para a Granol e para o Rio Grande do Sul. Passaram-se 15 anos da decisão da nossa empresa em abraçar uma indústria paralisada e transformar nisso que estamos vendo aqui. Cachoeira só produzia arroz e hoje é uma das principais regiões produtoras de soja do Estado. Isso também é resultado da nossa presença. Temos aqui uma das indústrias mais modernas em termos de competitividade no programa de biodiesel nacional, o que também depende de medidas governamentais, e o governador Eduardo Leite e a Secretaria da Fazenda têm sido muito sensíveis para que o Estado se mantenha competitivo e na liderança nacional em produção de biodiesel no país”, afirmou o sócio-diretor Industrial da Granol, Juan Diego Ferrés.
O RS é o maior produtor de biodiesel do Brasil (26% do total nacional), e a Granol, uma das maiores companhias do setor do país, dedicada à produção e comercialização de grãos, farelos e óleos vegetais e biodiesel. A empresa tem três usinas em operação – a de Cachoeira do Sul, uma em Porto Nacional (TO) e outra em Anápolis (GO), que, juntas, podem fabricar cerca de 1.182 milhões de litros por ano.
Também estiveram presentes no ato, em Cachoeira do Sul, os secretários Claudio Gastal (Planejamento, Governança e Gestão), Edson Brum (Desenvolvimento Econômico) e Silvana Covatti (Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural), a vice-prefeita de Cachoeira do Sul, Angela Schuh, além de deputados e representantes da empresa.
Estado planeja investimentos em hidrovias e estradas
Durante o evento, o governador Eduardo Leite ressaltou o potencial da região de Cachoeira do Sul e o papel do Estado em estimular a competitividade por meio de investimentos em infraestrutura.
“Temos um potencial muito pouco ou nada aproveitado que é o da hidrovia. Já conseguimos licenciamento ambiental e temos uma demanda antiga para as águas internas do Rio Grande do Sul. Estamos focado em fazer toda a operação e o investimento necessário para garantir as condições de navegabilidade, sinalização e dragagem do curso da hidrovia para que essa carga toda possa escoar com um custo muito menor e com segurança logística pela nossa hidrovia até o Porto de Rio Grande, e de lá para o mundo”, explicou o governador.
Além disso, Leite ressaltou que o governo do Estado vem trabalhando na lógica da renovação antecipada, junto ao governo federal, da concessão ferroviária com a empresa Rumo, que obteve o direito de concessão e operação das malhas dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo até 2027.
“Todas as reformas que fizemos para dentro do governo não se refletem apenas na capacidade de pagarmos salários dos servidores em dia. Isso é um primeiro movimento de equilíbrio de contas para um passo seguinte, que vamos dar início nos próximos meses, e que envolve a expansão de investimentos do Estado”, destacou o governador.
Somente em 2020, como consequência das reformas da previdência e da carreira dos servidores, o Estado economizou R$ 700 milhões. Em 2021, a economia será de R$ 1 bilhão e, para 2022, estima-se que o montante seja de mais de R$ 1 bilhão, em decorrência dos efeitos da reforma da previdência dos militares.
“Isso significa que, nestes três anos, serão economizados quase R$ 3 bilhões. São R$ 3 bilhões que, se não tivéssemos feito as reformas, teriam sido drenados dos impostos simplesmente para pagar salário dos servidores do Estado. E esse valor não seria suficiente para pagar todos os salários, continuaríamos com os salários atrasados e não devolveríamos esses impostos para a população em forma de investimentos”, ponderou Leite.
Somado ao resultado das reformas, o governo do RS ainda prevê receitas extraordinárias decorrentes dos processos de privatização e concessão que estão em andamento. “Essas receitas vão entrar no caixa do Estado sem serem sugadas por uma demanda infindável de salários. Então, vão virar receita extra para investimentos no Rio Grande do Sul”, reforçou.
Um dos planejamentos do governo estadual é um plano de investimentos em estradas, essencial para a redução dos custos de logística das empresas. Atualmente, o RS investe cerca de R$ 150 milhões por ano em estradas. Agora, o Estado planeja investir mais de R$ 1 bilhão até o final de 2022. A ERS-040, entre Cachoeira do Sul e Rio Pardo, assegurou o governador, será uma das contempladas. Os valores para a pavimentação de cerca de 8 quilômetros já foram autorizados.