Porto Alegre, segunda, 21 de outubro de 2024
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Expojud: Congresso debate ressignificação digital, tecnologias, nova economia e mudanças na comunicação

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Quarta edição do evento teve plataforma 3D, palestras divididas em três dias, com mais de 45 convidados, para um total de 2.045 pessoas inscritas.

 

 

 

Inovação e tecnologia. Esses foram os temas centrais da programação da 4ª edição do Expojud. Ao longo de 27 horas de conteúdo, os mais de 45 painelistas trouxeram insumos para o debate sobre os rumos que o ecossistema de Justiça no Brasil tomará nos próximos anos. Para um público de 2.045 pessoas, levantaram reflexões importantes para a sociedade — como a mudança na forma de comunicar junto à nova economia, o uso da inteligência artificial no sistema educacional para facilitar a inclusão social e o desafio de ser tecnológico sem perder a essência humana.

Ativista de inovação e CEO do Judiciário Exponencial — realizador do evento —, Ademir Piccoli comemorou o sucesso de mais um Expojud. “Nesses três dias, vimos que a ressignificação tecnológica é fundamental, com toda a automação de sistemas, mas também reforçamos que a tecnologia serve para aproximar as pessoas. Tivemos uma excelente dinâmica em uma plataforma interativa. Os participantes eram direcionados para seis salas virtuais, em determinados momentos, para trocar experiências e se conectar”, comemorou. “As pessoas passaram a ter acesso, de casa, a um defensor público. Isso já era possível antes, já tínhamos tecnologia para isso. Mas precisamos de uma crise sanitária para avançar”, contextualizou Piccoli, ao término das palestras.

Atração internacional, o advogado especialista em propriedade intelectual Joshua Walker celebrou a ressignificação digital que a sociedade vive: “Nunca tivemos um momento tão importante, em que conseguimos ajudar tanta gente. Podemos causar o bem em uma escala incrível”, disse o autor do livro On Legal AI.

Ana Virginia Carnaúba, Head da Universidade Corporativa da Deloitte, aprofundou as mudanças culturais que trazem o que chamou de “Propósito Massivo Transformador”, emocionando quem assistia. “Isso contraria a crença de que é difícil engajar no ambiente online”, escreveu Carnaúba, após receber o carinho dos espectadores, que abriram suas câmeras e aplaudiram a fala da executiva.

Tecnologia que melhora a vida das pessoas
A massificação da tecnologia, somada à globalização, permitiu o protagonismo da nova geração e fortaleceu a transparência, segundo o vice-presidente de Finanças e Estratégia do iFood, Diego Barreto. “No âmbito de projetos sociais, começamos a ver líderes que, 20 anos atrás, ficavam restritos às comunidades. O Edu Lyra, do Gerando Falcões, é uma das pessoas mais influentes do país. Ele cria conteúdo, chama atenção, se posiciona de forma diferenciada e, com a tecnologia, não existe limite”, apontou Barreto.

O autor do best seller Nova Economia trouxe um exemplo concreto do que o avanço tecnológico possibilita: “O iFood vai entregar um bilhão de refeições em um tempo médio de 28 minutos hoje. Eu posso sonhar grande com isso se eu tiver tecnologia”.

Inovação somada à humanização
Mas toda automação requer uma inteligência humana por trás. Essa foi a abordagem da fundadora do Instituto Cliente Feliz e cofundadora do Reclame Aqui, Gisele Paula, que compartilhou a experiência de quem atua há mais de 20 anos na área de relacionamento com clientes. “O grande desafio da tecnologia é unir a humanização com a tecnologia. É o equilíbrio. Quando se usa um ou outro no atendimento ao cliente? Pergunta para ele. Para uma segunda via de boleto, ele vai querer apertar um botão e resolver. Mas, se tiver um problema mais complexo, vai querer falar com um humano”, comparou Gisele. E foi taxativa: “A grande certeza é de que investir na relação com o cliente, na experiência dele, vale a pena”.

Os desafios e tendências da educação frente às novas tecnologias foram abordados pelo diretor de Negócios e Inovações do Grupo Actcon Head de Educação e Key2Enable, Alexandre Assis. O executivo detalhou dados alarmantes em relação à falta de inclusão de parte expressiva da sociedade. “Apenas 1% das pessoas com deficiência estão no mercado de trabalho formal. Temos como desafio entender qual a melhor forma de tecnologia para determinada necessidade e, entre outros pontos, fazer o diagnóstico clínico”, expressou.

Alexandre Assis trouxe o exemplo dos autistas, que representam 3% da população. “Mas, dentro desse universo, nem 10% recebeu o diagnóstico de autismo”, enfatizou o especialista em tecnologia educacional, que acumula mais de 20 anos de experiência em idealização e desenvolvimento de soluções de inovação para educação.

Evolução na Justiça nacional

Ao longo dos três dias, o panorama da inovação no ecossistema de Justiça também foi tema de destaque. O juiz federal e secretário-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Valter Shuenquener, exemplificou um passo importante que foi dado em 2021: “Com a pandemia, o tribunal de São Paulo, que tem 40% do movimento brasileiro, teve de fechar as portas. Nós, do CNJ, desenvolvemos a ferramenta do Balcão Virtual. É a possibilidade de clicar e ver onde seu processo tramita, ter acesso ao servidor que vai orientar sobre o andamento do processo”, relatou. E foi além: “Todos os tribunais devem fazer o uso da nova ferramenta”.

Participaram também do 4º Expojud Diego Carmona, CVO & co-Fundador do leadlovers, plataforma referência brasileira em automação de marketing digital; Maria Tereza Uille Gomes, conselheira do CNJ e professora titular do Mestrado em Direito da Universidade Positivo; Rafael Leite Paulo, juiz federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e auxiliar da Presidência do CNJ; Marc Tawil, estrategista de comunicação para marcas, empresas e pessoas; Ana Cristina Rosa, assessora-chefe de Comunicação no Conselho da Justiça Federal (CJF); Iona Szkurnik, founder e CEO da Education Journey e membro-fundadora e do conselho da Brazil at Silicon Valley; Luis Lobão, diretor e professor da HSM Educação Executiva; Eduardo Gussem, ex-procurador-geral de Justiça do MPRJ, entre outros. O evento contou ainda com uma plataforma virtual em 3D em que as pessoas puderam passear pela arena, estandes e oficinas oferecidas. Foram mais de 6 mil acessos registrados ao longo dos três dias, com 50 instituições de Justiça, além de startups e empresas líderes do setor de tecnologia.