Porto Alegre, terça, 22 de outubro de 2024
img

RS: Novos depoimentos confirmam aumentos abusivos de preços de medicamentos durante a pandemia

Detalhes Notícia
Foto: Reprodução / ALRS

 

 

Mais cinco gestores de hospitais do interior do estado prestaram depoimentos nesta segunda-feira (5) à CPI dos Medicamentos, presidida pelo deputado Dr. Thiago Duarte (DEM). Todos, a exemplo do que aconteceu nas oitivas anteriores, confirmaram que houve uma disparada nos preços de medicamentos e insumos durante a pandemia, muito acima da inflação.

Os fármacos cujos preços mais aumentaram foram os anestésicos e bloqueadores neuromusculares, largamente, utilizados em pacientes em UTIs, infectados pelo novo coronavírus. Os gestores afirmam que, além de se tornarem raros no mercado durante o pico da pandemia nos meses de março e abril deste ano, os preços desses medicamentos tiveram variações que chegaram a 3000%. No momento, de acordo com os relatos feitos à comissão parlamentar de inquérito, os valores estão estabilizados, mas não retornaram ao patamar pré-pandemia.

É o caso do anestésico Midazolan, adquirido pelo Hospital São José, de Arroio do Meio, por R$ 3 a ampola antes da pandemia e agora por R$ 34. No auge da segunda onda da Covid-19, o medicamento foi ofertado à instituição R$ 100. O diretor Clóvis Soares afirmou que não comprou o fármaco e que o estabelecimento adotou protocolos alternativos e buscou empréstimo em outros hospitais.

Os gestores ouvidos hoje relataram também dificuldades para comprar equipamentos de proteção individual, cujos preços também dispararam. O diretor administrativo da Sociedade Beneficente Hospitalar de Candelária, Aristides Fleitler, revelou que o valor da mascará passou de R$ 0,11 em 2019 para R$ 3,90 em 2020 e que agora está sendo adquirida por R$ 0,41. Relatou também aumentos nos preços de itens do kit intubação, que chegam em 618%. “O aumento dos preços está nos levando para uma situação muito difícil. Operamos com um déficit acumulado de R$ 300 mil. Para um hospital grande pode não ser muito, mas para nós é o limite”, apontou.

A farmacêutica Nadine Pereira, representante do Hospital de Caridade de São Jerônimo, afirmou que, além dos medicamentos para intubação, outros também tiveram altas fora do padrão. Citou o antibiótico Polimexina B, que custava R$ 28,18, passou para R$ 115 e foi ofertado à instituição no último mês por R$ 250. “Estamos gastando três vezes mais com medicação. Não foi só o aumento da demanda que gerou essa situação. O confisco por parte do governo federal também colaborou”, acredita.

O deputado Dr. Thiago Duarte afirmou que a CPI trabalhará para evitar que situações como as que aconteceram durante a segunda onda não voltem a ocorrer no Rio Grande do Sul. Ele avisou que a comissão parlamentar de inquérito chegará naqueles que especularam com os medicamentos para enfrentar a Covid-19.

Também depuseram o diretor-presidente do Hospital Dr. Homero Menezes, de Sobradinho, Osório Menezes, e o diretor administrativo do Hospital Beneficente de Encantado, Evandro Klein. O relator da CPI, Faisal Karam (PSDB), e o vice-presidente, Clair Kuhn (MDB), acompanharam as oitivas.