A pandemia impactou na saúde mental da população. E com as crianças e adolescentes, não foi diferente. Isolados em casa e afastados da escola e dos amigos, eles estão reaprendendo a conviver, com o retorno às aulas presenciais. Atentos a essa nova realidade, profissionais do CAPSi Arco-Íris e do Centro de Referência em Transtorno do Espectro Autista (Certea) promovem, ao longo deste mês, uma série de atividades voltadas aos alunos da rede municipal de ensino, dentro da programação do Setembro Amarelo. A primeira roda de conversa aconteceu na manhã desta quinta-feira (9), com alunos do 8º ano da EMEF Tancredo Neves.
Triste por algo que disseram? Vontade de sumir? Tenho com quem conversar sobre sentimentos e medos? Esses foram alguns dos questionamentos propostos durante a dinâmica, que reuniu professores e alunos. A ideia é mostrar a importância de se buscar ajuda diante de algum sinal de que algo não está bem. Na conversa, foram abordados temas como preconceito e empatia e divulgadas informações sobre a rede de atendimento no município.
Enfermeira do CAPS Arco-Íris, Bianca Peixoto Nascimento, destacou a necessidade de trabalhar com os adolescentes a questão da saúde mental, especialmente por se tratar de uma faixa etária que precisa lidar com conflitos internos e dúvidas, o que pode se agravar com a exposição a conteúdos negativos nas redes sociais e na internet. “A ideia é divulgar as ações de saúde que realizamos no CAPS e trabalhar com eles as coisas positivas que fazem no dia a dia, e muitas vezes não percebem, buscando melhora na saúde mental”, afirmou.
A professora de Ciências Clarissa Pujol, da EMEF Tancredo Neves, participou da atividade e lembrou das dificuldades iniciais, quando os alunos retornaram ao ensino presencial. “Eles voltaram para a sala de aula como se não soubessem mais estar em uma escola, não soubessem mais que este é um lugar em que poderiam se expressar, conversar, ouvir e perguntar”, contou. Aos poucos, porém, isso foi mudando. “É sempre bom lembrar que a saúde mental faz parte da saúde do corpo. É um problema de saúde como qualquer outro e que pode ser tratado”, alertou.
Setembro Amarelo
As rodas de conversa voltadas a estudantes do 8º e 9º anos de escolas da rede municipal de ensino seguem ao longo do mês. Em Canoas, neste ano, o Setembro Amarelo, mês mundial de prevenção ao suicídio, tem como tema “Amar Elo Cura”, reforçando que a estratégia de prevenção deve estar relacionada a afeto, empatia, escuta e, principalmente, amor ao próximo. A programação busca conscientizar a comunidade e demonstrar a importância de identificar os sinais de sofrimento psíquico e intervir terapeuticamente no momento adequado, já que quase a totalidade dos óbitos por suicídio estão associados a algum transtorno mental e sofrimento, como a depressão, que não foi tratado adequadamente ou que não chegou a ser diagnosticado e acompanhado.