Porto Alegre, segunda, 25 de novembro de 2024
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RS: Governador Eduardo Leite anuncia fim das alíquotas majoradas de ICMS. Projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2022 foi entregue na Assembleia

Detalhes Notícia

Mais do que uma peça de realismo orçamentário, o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) para 2022 avança ao trazer uma melhor perspectiva para a gestão pública gaúcha no próximo exercício e reafirma o fim das alíquotas majoradas de ICMS a partir de janeiro. Nesta terça-feira (14/9), o governador Eduardo Leite entregou na Assembleia Legislativa o projeto que prevê resultado primário equilibrado e retomada de investimentos em valores 74% maiores do que previsto para 2021.

Como evidência de que ainda é preciso persistir no ajuste fiscal, o déficit orçamentário em 2022 está projetado em R$ 3,2 bilhões. Por isso, além de avançar nas medidas estruturantes, é fundamental a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para a superação desse cenário.

“Não é a última LOA do nosso governo, mas é a lei orçamentária que vai definir o último ano desta gestão. Por isso, fizemos questão de vir à Assembleia apresentar e detalhar o projeto para 2022”, iniciou dizendo o governador ao público presente no Parlamento e aos que acompanharam a transmissão pelas redes sociais.

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“Os ajustes que fizemos e de todas as reformas e privatizações que aprovamos aqui na Assembleia nos permitem avançar na redução das alíquotas de ICMS no estado para ano que vem. No projeto, fica a demonstração de que o estado está bem encaminhado, mas que ainda tem desafios. A resolução se dará ao longo da próxima década, com a manutenção do equilíbrio das contas, o que tem de ser, para além do governo, um compromisso coletivo, do governo, desta Casa Legislativa e da sociedade como um todo. Num entendimento de que precisamos vencer esta etapa de regularização do pagamento da dívida com a União e dos precatórios, para que a gente possa sustentar investimentos a um custo baixo em impostos para a população”, destacou Leite.

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14/09/2021 - O governador Eduardo Leite entregou, na manhã desta terça-feira (14/9),  projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) 2022 na Assembleia Legislativa. Fotos: Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini
Na Assembleia, governador apresentou o projeto da Lei Orçamentária Anual 2022 a parlamentares – Foto: Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini

A entrega foi feita junto do procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, dos secretários Claudio Gastal (Planejamento, Governança e Gestão), Artur Lemos Júnior (Casa Civil), Marco Aurelio Cardoso (Fazenda) e Tânia Moreira (Comunicação) ao presidente da Assembleia, deputado Gabriel Souza. Agora, a proposta segue para a Comissão de Finanças, Planejamento, Fiscalização e Controle, onde poderá receber emendas do próprio colegiado, de outros parlamentares e da população. A Assembleia tem prazo legal até 30 de novembro para aprovar a LOA e devolver ao governador para sanção.

“É um orçamento realista, que traz um resultado primário equilibrado, receitas das desestatizações e modernização do ICMS, tem a queda das alíquotas do ICMS, tem empenho da dívida com a União, os concursos programados da Educação e a ampliação dos investimentos públicos, para que consigamos dar o suporte necessário para a retomada da nossa economia”, destacou Leite.

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O governador reafirmou o fim do ciclo de alíquotas majoradas de ICMS de combustíveis, energia, comunicações (que caem de 30% para 25%) e da alíquota modal (de 17,5% em 2021 para 17% em 2022), que deixam de vigorar em 31 de dezembro, depois de seis anos de vigência. O cenário atual de recuperação da arrecadação, as medidas de contenção de gastos, o resultado das reformas e as privatizações criaram as condições para que essa transição fosse concretizada.

“Essa queda é fruto do esforço desta Casa Legislativa, à qual a gente cumprimenta e destaca o papel fundamental nesse processo e para que a gente alcançasse, inclusive, um PIB três vezes maior do que o do Brasil (de 4,7%, contra 1,5% do país) na atual gestão, de janeiro de 2019 até agora. A redução do ICMS só se viabiliza agora, porque as reformas aprovadas reduziram nossas despesas e as privatizações incrementam as nossas receitas, de forma que a gente pode sustentar investimentos que não seriam possíveis sem os recursos extraordinários, e acabariam tendo de vir dos impostos. O déficit orçamentário não será mais financiado pelas alíquotas majoradas de 2016, porque fizemos, juntos, o trabalho prévio de reformas e as privatizações”, destacou Leite.

O governo seguirá com a agenda de desburocratização, modernização da receita, por meio do programa Receita 2030, revisão de benefícios fiscais e incentivando parcerias para que a redução das históricas diferenças entre receitas e despesas não precise mais ser financiada por alíquotas majoradas.

A redução de ICMS ocorrerá justamente em um momento em que o preço de itens como energia e combustíveis tem crescido muito acima do índice médio de inflação. De janeiro a agosto de 2021, a gasolina teve variação de 31% no Brasil. O diesel, 28%. A Secretaria da Fazenda destaca que esse aumento expressivo nos preços nada têm a ver com as alíquotas de ICMS, que permaneceram inalteradas no período e que terão redução em janeiro de 2022.

A partir de janeiro, o Rio Grande do Sul passa a se inserir no grupo de sete Estados com as menores alíquotas do país para gasolina e álcool (25%) e equipara-se também a outros sete Estados com 17% na alíquota modal, a menor do país. O Estado já está entre os menores também no diesel (12%).

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Para o secretário Claudio Gastal, a apresentação do projeto de lei da LOA da forma como foi feita demonstra que a atual gestão está no rumo certo para modernizar o Estado.

“Após a notícia positiva da recuperação demonstrada pelo PIB no segundo trimestre do ano, a apresentação da LOA 2022 aponta também para o caminho correto que tivemos desde o primeiro momento do governo. Não esmorecemos ao estabelecer as reformas necessárias. Sempre se destaca mais a questão das privatizações, mas os ajustes fiscais, a redução de custos, a melhoria da eficiência da máquina pública, focada em resultados graças ao sistema da governança de monitoramento, e o enfrentamento à pandemia demonstram que estamos adotando as medidas corretas”, afirmou o titular da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão.

Efeitos das desestatizações e melhora no cenário econômico

Segundo apresentado aos deputados, desde julho a CEEE-D retomou os pagamentos regulares de ICMS, parcelou dívidas e um total de R$ 804 milhões foram repassados pelo Estado às prefeituras. Em outubro, devem ingressar no caixa do Estado mais de R$ 2,7 bilhões relativos à privatização da CEEE-T, recursos que contribuirão para a quitação de passivos e novos investimentos do programa Avançar.

Esses resultados se consolidam ainda em um período de muita incerteza causada pela pandemia. No ano passado, com a queda de ICMS em relação à LOA, o governo, de forma responsável, solicitou por mais um ano a vigência das alíquotas, enquanto adotava medidas paralelas para a competitividade do Estado, como o fim do Difal (chamado de imposto de fronteira) e a redução da alíquota efetiva nas compras internas entre empresas de 18% para 12%.

Em 2021, os dados sobre o desempenho econômico mostram uma considerável melhora. O ICMS teve aumento de 28% no primeiro semestre. No acumulado de 2021, a alta no PIB do Estado chega a 16,2% quando comparado com o primeiro semestre de 2020. Para 2022, a LOA considera crescimento econômico de 2,1%, baseado no relatório Focus, e inflação estimada em 3,8%.

Avanços nos resultados primário e orçamentário

Outros indicativos importantes de avanços são os cenários que estão sendo considerados para a elaboração da LOA 2022. Com o impacto das medidas de ajuste, o Estado deverá ter equilíbrio primário no próximo exercício, ou seja, um resultado próximo a zero. Significa que, expurgadas despesas e receitas de natureza financeira, o Estado estaria em equilíbrio corrente.

Análises feitas pelas equipes da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) e da Secretarias da Fazenda (Sefaz) constatam que no próximo ano o Estado só não terá resultado orçamentário positivo exatamente por conta da dívida com a União (R$ 3,5 bilhões), que, embora não esteja sendo paga, tem suas parcelas computadas orçamentariamente como despesa contratual. Exatamente por isso, o pressuposto para a queda das alíquotas é que o Estado possa superar a precária situação da dívida com a União. O resultado orçamentário é estimado em R$ 3,2 bilhões negativos.

Entre os resultados das medidas já implementadas estão a queda de R$ 2,1 bilhões no déficit previdenciário em 2020, R$ 673 milhões líquidos na redução das despesas com pessoal e o pagamento em dia de salários e fornecedores, medidas que já influenciam positivamente nos resultados de 2020.

Principais despesas e riscos fiscais

As despesas gerais devem ficar congeladas em termos reais, mantendo o rigor fiscal. As despesas de pessoal são projetadas pela execução de 2021 mais o efeito de 4 mil professores contratados e outras aprovações no Grupo de Assessoramento Especial (Gae). As despesas totais chegam a R$ 53,3 bilhões (sem despesas intraorçamentárias).

Entre os principais riscos fiscais elencados para 2022 seguem incertezas sobre as mudanças no Fundeb, especialmente sobre a vedação da inclusão de inativos e pensionistas no cálculo da Manutenção e Desenvolvimento do Ensino (MDE) e o dispêndio adicional para atingir a aplicação mínima em Educação, com valores estimados em cerca de R$ 3 bilhões. Em relação aos precatórios, o risco está relacionado ao desembolso adicional de R$ 1 bilhão por ano adicionais para quitação do saldo até 2029.

Esses riscos fiscais não estão previstos nos resultados, o que significa que eventuais perdas de receitas levarão a um resultado pior. Em todas as projeções, segue, ainda, cautela quanto aos impactos da pandemia sobre os cenários sanitário e econômico em 2022.

Receitas

As receitas devem alcançar R$ 50,1 bilhões, em grande parte reforçadas pelo crescimento de 12% do ICMS sobre à LDO 2021, atingindo R$ 42,5 bilhões. Em 2022, as receitas de capital estão projetadas em R$ 1,4 bilhão, pressupondo a venda da Sulgás pelo preço mínimo publicado em edital (R$ 927 milhões). Não estão computadas as vendas de outras empresas e outorgas de concessões.

Investimentos

Os investimentos previstos são de R$ 2,1 bilhões, valores 74% maiores comparados com a LDO 2021. Entre destaques estão investimentos do Avançar, os projetos estratégicos, com as metas estratégicas do governo para o próximo ano.

Para a Consulta Popular, serão R$ 30 milhões para investimentos definidos pelas 28 regiões dos Coredes. Além do pagamento de R$ 10 milhões para projetos de 2018/19 e mais R$ 10 milhões para a segunda etapa de 2020. Na edição deste ano, o envio e a escolha dos projetos da Consulta Popular serão feitos de forma 100% digital.

Mais uma vez, a proposta orçamentária destina R$ 55 milhões para emendas individuais de deputados.

Acordo

O governador voltou a destacar o acordo construído juntamente aos demais Poderes e órgãos autônomos. A exemplo do envio do PLDO 2021, os Poderes e órgãos autônomos fecharam acordo quanto às diretrizes para os duodécimos em 2022. Será utilizada como base orçamentária a dotação de 30 de abril de 2021 (considerado o montante previsto no acordo de 26 de março), acrescida do índice nominal de 3,75%, correspondente ao centro da meta de inflação para 2021 fixada pelo Conselho Monetário Nacional.

Haverá novo esforço de contingenciamento extraordinário em 2022, de tal forma que o efetivo desembolso financeiro em duodécimos seja limitado a crescimento nominal de 1,35% sobre o valor das dotações de 30 de abril de 2021 (considerado o montante previsto no acordo de 26 de março), o que significará economia de R$ 142 milhões em comparação com as dotações orçamentárias autorizadas. Esse contingenciamento financeiro poderá ser liberado, em decorrência do crescimento da Receita Corrente Líquida acima do projetado na LOA 2022, considerando a proporcionalidade e a sazonalidade das receitas.

A LOA 2022 reflete em seus resultados muitas das medidas aprovadas pela Assembleia, como as reformas e as autorizações para privatizações, destacadas pelo governador na entrega da LOA. Leite destacou o apoio dos chefes de Poderes e dos deputados por terem compreendido o momento difícil pelo qual o Estado passa há muitos anos.

Pedido de adesão ao RRF deve ocorrer neste ano

Nas projeções feitas na apresentação, o pedido de adesão ao RRF deve ocorrer até o fim deste ano. Com a aprovação pela Assembleia Legislativa do PLC 246/21, o governo terá condições de pedir adesão ao RRF, apresentando seu plano.

“É importante que o estado volte a pagar a dívida com União, porque a suspensão não é um prêmio. Essa dívida vai se acumulando e, com isso, comprometerá mais da nossa corrente líquida, o que seguirá nos impedindo de contratar operações de crédito. Neste momento, o estado está conseguindo fazer investimentos por conta das privatizações, que geram receitas extraordinárias, e porque está sem pagar a dívida com a União. Mas logo o estado precisa assinar a RRF, vai voltar a efetuar o pagamento das parcelas da dívida e não vai ter receitas extraordinárias. Então, se não continuarmos numa linha de responsabilidade fiscal, buscando manter o equilíbrio, o estado voltará a ter dificuldades financeiras num médio prazo”, pontuou o governador.

Com as mudanças ocorridas na legislação federal, o Estado terá de, posteriormente, avançar na segunda etapa prevista que é a homologação, o que pode levar até seis meses.

“Não significa que o Rio Grande do Sul levará um semestre para assinar o Regime, pois devemos ter todos os requisitos, à exceção da legislação do teto de gastos. Mas avaliamos que é possível concluir todas as etapas até abril de 2022”, afirmou o secretário da Fazenda, Marco Aurelio Cardoso.

Sobre a LOA

A Lei Orçamentária Anual (LOA) compreende as receitas e despesas da administração direta e indireta do Estado do Rio Grande do Sul, seus fundos, órgãos, inclusive suas fundações e autarquias. Elaborado pela Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão a partir de uma série de reuniões técnicas com as secretarias e demais Poderes e órgãos autônomos, o orçamento deve ser compatível com o Plano Plurianual (PPA) e em conformidade com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).